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Ministro diz que estudou caso "a fundo" e decidiu com base em "razões jurídicas"
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro da Justiça, Tarso
Genro, disse ontem que a decisão de conceder refúgio ao ex-militante comunista italiano
Cesare Battisti foi baseada em
razões jurídicas, e não políticas.
Dentre os argumentos, alega
que Battisti não teve "o amplo
direito à defesa" na Itália e que
há "fundado temor de perseguição". Tarso não vê razões
para uma crise diplomática.
"Estudei a fundo o processo e
tomei uma decisão baseada em
razões jurídicas, não políticas.
Estou tranquilo de que tivemos
a decisão correta, sem entrar
no mérito do direito que tem o
Estado italiano, e da fineza e da
propriedade de considerá-lo
um Estado democrático", afirmou o ministro, em rápida visita a São Paulo.
Tarso, que defende a suspensão da anistia para punir torturadores do regime militar, garantiu que seu passado de militante não pesou na hora de beneficiar Battisti.
"Se pesasse meu passado político, não teria concedido o refúgio, porque não aceito ações
da natureza praticadas por Battisti, que são graves ameaças à
vida humana", disse, em referência às acusações de assassinato que pesam contra o escritor e ativista italiano.
Antes de anunciar sua decisão na terça-feira, o ministro
conversou com o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. "O
presidente Lula não entrou no
mérito da questão, alegando
que este era um ato de responsabilidade do ministro da Justiça", afirmou Tarso.
O refúgio contrariou entendimento anterior do Conare
(Comitê Nacional para Refugiados), órgão técnico ligado ao
ministério, que negou o pedido
de Battisti por 3 votos a 2. Segundo o ministro, a decisão não
é definitiva e pode ser revista
em outras esferas de poder.
Tarso Genro lembrou que o
italiano também foi abrigado
na França, durante o governo
François Mitterrand (1981-1995), e que o Brasil já concedeu refúgio político em casos
considerados por ele como
"piores", como o do ex-ditador
paraguaio Alfredo Stroessner,
em 1989. Ele morou em Brasília
até morrer, em 2006.
Ontem, o presidente da OAB
(Ordem dos Advogados do Brasil), Cezar Britto, também comparou o caso italiano com o de
Stroessner e pediu um estudo
sobre a legalidade da decisão.
"Como já fora em passado recente concedida a condição de
asilado político a Stroessner e
ao candidato a presidente do
Paraguai Lino Oviedo, assim
também se fez com Battisti."
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