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Defesa diz que críticos têm visão superficial do processo
Advogados de Cesare Battisti elogiam decisão do governo brasileiro de conceder refúgio
Condenação na Itália se baseou no depoimento de um único preso, diz defesa; italiano aguarda alvará do Supremo para deixar prisão
LUCAS FERRAZ
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A defesa do italiano Cesare
Battisti afirmou que "somente
quem conhece o processo superficialmente é que pode considerar a decisão de conceder
refúgio político equivocada",
além de ter elogiado a decisão
do governo brasileiro, referendada anteontem pelo ministro
da Justiça, Tarso Genro.
Em nota divulgada ontem,
assinada pelo advogado Luiz
Eduardo Greenhalgh e mais
três profissionais que atuaram
no caso, a defesa do italiano
ressalta que sua condenação na
Itália foi baseada no depoimento de um único preso, Pietro
Mutti, fundador do PAC (Proletários Armados pelo Comunismo) e companheiro de Cesare Battisti no período.
"Chegou-se ao cúmulo de
condená-lo por dois homicídios ocorridos no mesmo dia,
quase na mesma hora, em cidades separadas por centenas de
quilômetros (Udine e Milão)",
escreveram os advogados.
Preso na Penitenciária da Papuda, em Brasília, o italiano já
foi informado da decisão do governo brasileiro e que em breve
deixará a prisão.
O futuro dele ainda é incerto,
mas é provável que ele volte a
viver no Rio, cidade onde se
instalou quando chegou no país
e na qual ficou até ser preso, em
março de 2007.
Supremo
O STF (Supremo Tribunal
Federal) foi notificado oficialmente ontem sobre a decisão
do Ministério da Justiça, segundo a assessoria de imprensa
da Corte, mas o presidente do
tribunal, ministro Gilmar Mendes, não havia determinado a
soltura de Battisti até o fechamento desta edição.
Com a concessão do asilo político, o processo de extradição
está suspenso no Supremo, fazendo com que a prisão do italiano perca a validade.
É necessário, porém, a edição
de um alvará de soltura pelo
STF, autor da determinação da
prisão do italiano em 2007.
Mendes poderá decidir até o final da semana, ou então deixaria o caso para a análise do ministro Cezar Peluso, que é o relator da extradição de Battisti.
Desde 2000, chegaram ao
STF 466 pedidos de extradição
por governos estrangeiros. A
Itália é a campeã, ao requisitar
a abertura de 77 processos. O
país é seguido pela Alemanha e
Portugal, com 73 e 49 pedidos,
respectivamente.
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