São Paulo, quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

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Defesa diz que críticos têm visão superficial do processo

Advogados de Cesare Battisti elogiam decisão do governo brasileiro de conceder refúgio

Condenação na Itália se baseou no depoimento de um único preso, diz defesa; italiano aguarda alvará do Supremo para deixar prisão


LUCAS FERRAZ
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A defesa do italiano Cesare Battisti afirmou que "somente quem conhece o processo superficialmente é que pode considerar a decisão de conceder refúgio político equivocada", além de ter elogiado a decisão do governo brasileiro, referendada anteontem pelo ministro da Justiça, Tarso Genro.
Em nota divulgada ontem, assinada pelo advogado Luiz Eduardo Greenhalgh e mais três profissionais que atuaram no caso, a defesa do italiano ressalta que sua condenação na Itália foi baseada no depoimento de um único preso, Pietro Mutti, fundador do PAC (Proletários Armados pelo Comunismo) e companheiro de Cesare Battisti no período.
"Chegou-se ao cúmulo de condená-lo por dois homicídios ocorridos no mesmo dia, quase na mesma hora, em cidades separadas por centenas de quilômetros (Udine e Milão)", escreveram os advogados.
Preso na Penitenciária da Papuda, em Brasília, o italiano já foi informado da decisão do governo brasileiro e que em breve deixará a prisão.
O futuro dele ainda é incerto, mas é provável que ele volte a viver no Rio, cidade onde se instalou quando chegou no país e na qual ficou até ser preso, em março de 2007.

Supremo
O STF (Supremo Tribunal Federal) foi notificado oficialmente ontem sobre a decisão do Ministério da Justiça, segundo a assessoria de imprensa da Corte, mas o presidente do tribunal, ministro Gilmar Mendes, não havia determinado a soltura de Battisti até o fechamento desta edição.
Com a concessão do asilo político, o processo de extradição está suspenso no Supremo, fazendo com que a prisão do italiano perca a validade.
É necessário, porém, a edição de um alvará de soltura pelo STF, autor da determinação da prisão do italiano em 2007. Mendes poderá decidir até o final da semana, ou então deixaria o caso para a análise do ministro Cezar Peluso, que é o relator da extradição de Battisti.
Desde 2000, chegaram ao STF 466 pedidos de extradição por governos estrangeiros. A Itália é a campeã, ao requisitar a abertura de 77 processos. O país é seguido pela Alemanha e Portugal, com 73 e 49 pedidos, respectivamente.


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