São Paulo, quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

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Dobra o número de operações atípicas registradas pelo Coaf

Instituições repassaram ao conselho um total de 645.785 registros no ano passado

Bancos têm de informar todas as operações acima de R$ 100 mil; não significa que as transações sejam ilícitas, as suspeitas são investigadas


LEONARDO SOUZA
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O número de operações em espécie acima de R$ 100 mil e de transações atípicas informadas ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), como compra de imóveis em dinheiro vivo, praticamente dobrou no ano passado.
Bancos, seguradoras, factorings, corretoras de valores e imobiliárias, entre empresas de outros setores, repassaram ao Coaf um total de 645.785 registros em 2008, ante 335.364 no ano anterior. Os bancos são obrigados a informar ao Coaf toda operação em dinheiro acima de R$ 100 mil, como saques e depósitos, e também transações suspeitas, como súbitas transferências de dinheiro em curto espaço de tempo.
Os mesmos princípios valem para clientes de corretoras de valores (compra e venda de ações), de factorings (descontos de duplicatas e cheques), de seguradoras (recebimento de prêmios) e de joalherias e de lojas de obras de arte.
"Temos notado um maior engajamento e conhecimento dos empresários da importância da comunicação dessas ocorrências. Outro fator importante é o trabalho feito pelas autoridades reguladoras [Banco Central, Comissão de Valores Mobiliários e o próprio Coaf, entre outras] de aprimorar as normas", disse à Folha o presidente do Coaf, Antonio Gustavo Rodrigues, ao explicar as razões do aumento.
Não significa, porém, que as transações sejam ilícitas. Os dados do Coaf são enviados a órgãos como Polícia Federal e Receita Federal para que as suspeitas sejam apuradas.
Em 2008, o total de recursos bloqueados pela Justiça a partir de comunicados do Coaf foi de R$ 658,5 milhões (sendo R$ 535,8 milhões de um fundo de investimentos do banqueiro Daniel Dantas) contra R$ 17,6 milhões em 2007. Dantas nega irregularidades na transação.
Factorings e imobiliárias foram multadas em R$ 3,8 milhões pelo Coaf. Cabe recurso.


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