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Índios são 15% dos miseráveis no mundo, aponta ONU
Pobreza está ligada à perda de terras e recursos naturais
DA SUCURSAL DO RIO
Relatório divulgado ontem
pela ONU (Organização das
Nações Unidas) revelou que os
índios, apesar de representarem só 5% da população mundial, são 15% dos mais pobres
do mundo. Nas áreas rurais,
eles chegam a ser um terço dos
900 milhões de habitantes em
situação de miséria extrema.
O estudo considera indígenas os descendentes das populações originárias de regiões
depois colonizadas por outros
povos, como os índios brasileiros e os aborígenes australianos. Estima-se que, atualmente, eles cheguem a 370 milhões
de pessoas e representem
5.000 culturas distintas. Juntos, ocupam cerca de 20% do
território do planeta, distribuídos por 90 países.
Segundo o diretor do Unic
(Centro de Informações das
Nações Unidas para o Brasil),
Giancarlo Summa, a pobreza
dos povos indígenas está relacionada à perda de territórios e
de recursos naturais, que acaba
por inviabilizar as formas tradicionais de vida das populações.
"Quando o índio passa a ter
que comprar seu alimento no
mercado, os níveis de pobreza
aumentam automaticamente",
afirma Summa.
Segundo o relatório da ONU,
a taxa de pobreza dos indígenas
é bem superior à da população
como um todo. No Paraguai, é
7,9 vezes maior; no Panamá, 5,9
vezes; e no Brasil, 2,5 vezes. Os
dados brasileiros são do censo
de 2000, o último realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).
O indígena Marco Terena, articulador dos direitos indígenas
do Comitê Intertribal Memória
e Ciência Indígena, diz que o
estudo mostra que os indígenas
são, em sua maioria, "pobres,
analfabetos e excluídos do poder econômico e político".
Para ele, a mudança desse cenário passa pela demarcação de
terras, pelo fortalecimento da
autoestima e pela participação
nas esferas decisórias.
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