São Paulo, quinta-feira, 15 de fevereiro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONGRESSO


Com discurso conciliador, peemedebista assume a cadeira que era ocupada por ACM, seu rival e maior derrotado com resultado

Jader vence com maioria absoluta dos votos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Jader Barbalho (PMDB-PA), 56, foi eleito ontem presidente do Senado com 41 votos, a maioria absoluta (50,6%) dos 81 senadores. Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), presidente da Casa até ontem, foi o grande derrotado.
Às 18h50, ACM convidou Jader para assumir a cadeira e deixou a tribuna do plenário pelo lado oposto ao usado pelo adversário para subir, sem cumprimentá-lo.
Em um discurso conciliador, Jader pediu que as divergências ficassem para trás. "Há que se restabelecer o clima de cordialidade que sempre reinou entre os senadores. As divergências têm de ficar para trás, fazer parte do passado, que desejamos esquecer."
O novo presidente do Senado mostrou-se afinado com o Planalto ao defender a imediata discussão e votação das reformas tributária, política e judiciária.
Elogiou o vice-presidente Marco Maciel e o presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), condutores da reforma política, demonstrando que o PMDB buscará recompor a base com o "PFL do B", menos identificado com ACM.
"É necessário que o Senado faça a sua parte, colaborando para uma agenda de solidariedade social e competitividade econômica, a fim de que os ganhos alcançados tenham a participação do povo nessas conquistas", afirmou.
Jader lembrou que precisava apenas da maioria simples dos votos. Mas, julgado por colegas que o conhecem há seis anos, teve maioria absoluta. "Sou penhoradamente grato a vocês", disse.
Ao sair do plenário, evitou confronto com ACM e disse que a vitória foi política, e não pessoal.
ACM se despediu do cargo afirmando que "o Brasil e o Senado não merecem trilhar caminhos de penumbra, conduzidos por mãos de homens desacreditados".
Ao deixar o plenário, evidenciou a contrariedade com o resultado: "É um dia negro para o Congresso que contou, no mínimo, com a omissão do presidente da República", disse. E arrematou: "(Jader) É o pior presidente que poderiam ter escolhido".
Todos os 81 senadores participaram da eleição, inclusive José Sarney (PMDB-AP), que chegou a ser apresentado por ACM como opção a Jader, mas desistiu de concorrer. Sarney sofreu uma cirurgia recentemente e havia dúvida sobre sua presença ontem.
Arlindo Porto (PTB-MG), lançado na véspera da eleição com apoio do PFL, recebeu 28 votos, mais do que os 21 do PFL.
Houve traição de pelo menos dois senadores da oposição. Duas horas antes da eleição, o candidato da oposição, Jefferson Péres (PDT-AM), reuniu 14 senadores (do PT, PSB, PDT e PPS) em um almoço para demonstrar união.
Todos garantiram apoio a Péres, que esperava chegar a 20 votos. Quando as urnas foram abertas, tinha apenas 12. "É decepcionante ter a garantia de 14 votos e saber que dois traíram", afirmou José Eduardo Dutra (PT-SE).
O bloco de oposição tinha 16 membros, mas dois senadores do PSB -Ademir Andrade (PA) e Antonio Carlos Valadares (SE) - haviam declarado voto a Jader, em troca de uma vaga na mesa.
O líder do governo no Senado, José Roberto Arruda (PSDB-DF), afirmou após a eleição de Jader que os aliados teriam de iniciar um "trabalho de recomposição da base, que exige paciência e respeito ao tempo de cada um".
Segundo ele, o "passo mais importante" havia sido dado ontem, por dois fatores: a condução "magistral" da sessão, por ACM, e o cumprimento do acordo entre o PMDB e o PSDB.
(RAQUEL ULHÔA, ANDRÉA MICHAEL E OTÁVIO CABRAL)

Texto Anterior: Vencedor prega independência do Legislativo
Próximo Texto: Eleito defende esforços para recompor base
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.