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CONGRESSO
Com discurso conciliador, peemedebista assume a cadeira que era ocupada por ACM, seu rival e maior derrotado com resultado
Jader vence com maioria absoluta dos votos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Jader Barbalho (PMDB-PA),
56, foi eleito ontem presidente do
Senado com 41 votos, a maioria
absoluta (50,6%) dos 81 senadores. Antonio Carlos Magalhães
(PFL-BA), presidente da Casa até
ontem, foi o grande derrotado.
Às 18h50, ACM convidou Jader
para assumir a cadeira e deixou a
tribuna do plenário pelo lado
oposto ao usado pelo adversário
para subir, sem cumprimentá-lo.
Em um discurso conciliador, Jader pediu que as divergências ficassem para trás. "Há que se restabelecer o clima de cordialidade
que sempre reinou entre os senadores. As divergências têm de ficar para trás, fazer parte do passado, que desejamos esquecer."
O novo presidente do Senado
mostrou-se afinado com o Planalto ao defender a imediata discussão e votação das reformas tributária, política e judiciária.
Elogiou o vice-presidente Marco Maciel e o presidente do PFL,
Jorge Bornhausen (SC), condutores da reforma política, demonstrando que o PMDB buscará recompor a base com o "PFL do B",
menos identificado com ACM.
"É necessário que o Senado faça
a sua parte, colaborando para
uma agenda de solidariedade social e competitividade econômica,
a fim de que os ganhos alcançados
tenham a participação do povo
nessas conquistas", afirmou.
Jader lembrou que precisava
apenas da maioria simples dos
votos. Mas, julgado por colegas
que o conhecem há seis anos, teve
maioria absoluta. "Sou penhoradamente grato a vocês", disse.
Ao sair do plenário, evitou confronto com ACM e disse que a vitória foi política, e não pessoal.
ACM se despediu do cargo afirmando que "o Brasil e o Senado
não merecem trilhar caminhos de
penumbra, conduzidos por mãos
de homens desacreditados".
Ao deixar o plenário, evidenciou a contrariedade com o resultado: "É um dia negro para o Congresso que contou, no mínimo,
com a omissão do presidente da
República", disse. E arrematou:
"(Jader) É o pior presidente que
poderiam ter escolhido".
Todos os 81 senadores participaram da eleição, inclusive José
Sarney (PMDB-AP), que chegou a
ser apresentado por ACM como
opção a Jader, mas desistiu de
concorrer. Sarney sofreu uma cirurgia recentemente e havia dúvida sobre sua presença ontem.
Arlindo Porto (PTB-MG), lançado na véspera da eleição com
apoio do PFL, recebeu 28 votos,
mais do que os 21 do PFL.
Houve traição de pelo menos
dois senadores da oposição. Duas
horas antes da eleição, o candidato da oposição, Jefferson Péres
(PDT-AM), reuniu 14 senadores
(do PT, PSB, PDT e PPS) em um
almoço para demonstrar união.
Todos garantiram apoio a Péres, que esperava chegar a 20 votos. Quando as urnas foram abertas, tinha apenas 12. "É decepcionante ter a garantia de 14 votos e
saber que dois traíram", afirmou
José Eduardo Dutra (PT-SE).
O bloco de oposição tinha 16
membros, mas dois senadores do
PSB -Ademir Andrade (PA) e
Antonio Carlos Valadares (SE) -
haviam declarado voto a Jader,
em troca de uma vaga na mesa.
O líder do governo no Senado,
José Roberto Arruda (PSDB-DF),
afirmou após a eleição de Jader
que os aliados teriam de iniciar
um "trabalho de recomposição da
base, que exige paciência e respeito ao tempo de cada um".
Segundo ele, o "passo mais importante" havia sido dado ontem,
por dois fatores: a condução "magistral" da sessão, por ACM, e o
cumprimento do acordo entre o
PMDB e o PSDB.
(RAQUEL ULHÔA, ANDRÉA MICHAEL E OTÁVIO CABRAL)
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