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São Paulo, sábado, 15 de fevereiro de 2003

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PAINEL

Torre de Babel
O governo continua batendo cabeça quanto à reforma da Previdência, que já tem três grandes versões: a da cúpula petista no Congresso, a de Ricardo Berzoini (Previdência) e a de José Dirceu (que fala pelo Planalto). Cada um diz uma coisa diferente. Sem falar nos radicais do PT.

Do céu ao inferno
A reforma do comando petista no Congresso é a mais modesta, porque atinge só os futuros funcionários. Berzoini previa até regime único, incluindo militares e juízes, mas já está voltando atrás. E Dirceu (Casa Civil) quer enquadrar tudo e todos. Nem os aliados entendem mais nada.

Avaliação de adversário
Pergunta de opositores potenciais do governo: "Se nem o PT se entende, imagine quando a discussão chegar ao tal Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social! Se, depois de tudo isso, ainda chegar algo razoável ao Congresso, será um milagre".

Preocupação ambiental
A decisão do governo Lula de liberar a compra de pneus reformados do Paraguai e Uruguai enfureceu ambientalistas. "Entendo as razões políticas, mas vai contra o meio ambiente, o combate à dengue e a segurança em nossas estradas", diz o deputado Fernando Gabeira (PT).

Disputa interna
Garotinho reúne-se hoje com os diretórios estaduais do PSB, no Rio. Ao mesmo tempo em que o ex-governador os convocava, assessores de Ronaldo Lessa (PSB-AL) telefonaram para os dirigentes regionais para sentir o grau de satisfação das bases com a atual cúpula da sigla.

Turismo de risco
Os quatro deputados federais que visitaram o Iraque dias atrás tomaram duas decisões: assinar uma moção de repúdio à intervenção militar dos Estados Unidos e propor ao Congresso a aprovação de uma comissão para visitar, de novo, o país.

Pega na mentira
Relatório do Banco Central dirigido ao mercado financeiro diz que o "grande esforço" fiscal do governo buscou preservar a área social. Segundo o relatório, "foram garantidos de forma integral os recursos" do programa Fome Zero (na verdade, houve um corte de R$ 34,5 milhões).

Partido da mudança
Novo vice-líder de Marta na Câmara de SP, Viviani Ferraz (PL) teve em 99 sua foto em cartaz do PT sob a frase: "Estes vereadores envergonham SP". Resta saber se o partido da prefeita foi injusto com ele, se o parlamentar melhorou e agora orgulha o PT ou se a sigla não liga mais tanto assim para isso.

Um milhão de amigos
Viviani Ferraz era, em 99, da tropa de choque de Celso Pitta. O hoje vice-líder de Marta chegou à época a convocar marcha por São Paulo em defesa do prefeito, que estava ameaçado de impeachment. "Vamos lutar por esse homem que vem sendo injustiçado", dizia o vereador.

Pé no chão
Há realmente muita gordura para cortar nas emendas das bancadas de parlamentares ao Orçamento da União, que totalizam R$ 8 bilhões. Nos últimos sete anos, o valor médio aprovado foi de R$ 3,5 bilhões ao ano, enquanto o valor médio realmente pago foi de R$ 2,5 bilhões.

Ficção bilionária
Mesmo no ano de pico, 2001, o total das emendas aprovadas foi de R$ 5,2 bi, enquanto o total liberado foi de R$ 3,8 bi. No ano passado, o valor aprovado foi maior -R$ 5,8 bi-, mas o total executado caiu para R$ 2,6 bi.

Visita à Folha
Jean-Claude Boksenbaum, diretor da Agência France Presse no Brasil, Anne Tavard, diretora de Desenvolvimento Internacional da agência em Paris, e Eliana Mendonça, assistente comercial da agência no Brasil, visitaram ontem a Folha.

TIROTEIO

Do governador Paulo Hartung (ES), sobre Rosinha Garotinho (RJ), sua colega de PSB, reclamar da ajuda do governo federal ao Espírito Santo:
- A situação do meu Estado é a mais grave do país e é diferente da do Rio de Janeiro em tudo. Principalmente porque não herdei problemas criados por mim mesmo.

CONTRAPONTO

Votação vespertina

Reunidos no gabinete de Ulysses Guimarães, parlamentares do PMDB discutiam estratégias de votação de alguns artigos da nova Constituição, em 1988.
O sub-relator da Carta, Nelson Jobim, hoje ministro do STF, não perdia esses encontros de lideranças por nada, dada a importância dos acordos políticos firmados naquela sala.
Um dia, conta Jobim, Ulysses reuniu os deputados e disse que, depois de muitos anos de experiência no Congresso, havia descoberto a fórmula secreta:
- Qualquer matéria que a gente queira aprovar, principalmente as que enfrentam maior resistência, deve ser discutida por volta das 15h!
Atônito, um dos parlamentares peemedebistas perguntou:
- Doutor Ulysses, eu não entendi. Por que nesse horário?
- É que depois do almoço, com deputados de barriga cheia, satisfeitos, aprova-se tudo.


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