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AGENDA PETISTA
Presidente defende programa ao assinar convênios com a FAO
Lula culpa elite e imprensa pelas críticas ao Fome Zero
ANDRÉ SOLIANI
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva criticou a elite e a imprensa
ao defender a prioridade do seu
governo, o Fome Zero, e afirmou
que o programa é o melhor do
mundo. O programa já recebeu
críticas de especialistas, do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso e até de pessoas que
apóiam o governo do PT.
"Lamentavelmente, a elite brasileira e, dentro da elite brasileira,
até grandes setores da nossa gloriosa imprensa, estão acostumados com outro tipo de governo
-um governo em que todos os
recursos públicos disponíveis são
feitos para atender à demanda daqueles que não precisariam do Estado", disse Lula, ao participar,
ontem, em Brasília, da assinatura
de três convênios com a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação).
O presidente prosseguiu: "Nós
queremos fazer o contrário. Queremos usar todo o potencial que o
Estado tiver para fazer políticas
públicas na tentativa de devolver
para o povo cada centavo em forma de um benefício, que signifique para ele ser tratado com dignidade e com respeito que todo
ser humano tem".
O gasto público no Brasil sempre recebeu críticas de especialistas, que afirmam que a maior parte dos recursos não chega aos
mais pobres. A frase mais conhecida sobre o assunto é do economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) Ricardo Paes de Barros: "Se o dinheiro [público] fosse jogado de
helicóptero, chegaria com mais
facilidade às mãos dos pobres".
Suplicy
A principal crítica ao Fome Zero
é a obrigação que o beneficiário
tem de comprar apenas alimentos. O senador Eduardo Suplicy
(PT-SP) é um dos que apontaram
o problema. As famílias que recebem o Bolsa-Escola, por exemplo,
têm liberdade de escolher o que
fazer com o dinheiro. A contrapartida do benefício é manter as
crianças na escola.
Ontem, Lula recebeu o apoio do
diretor-geral da FAO, Jacques
Diouf, que elogiou "o exemplo
dado [por Lula] ao mundo, quando decidiu que a prioridade de
seus quatro anos de governo é
acabar com a fome no Brasil".
Na opinião do presidente, o Fome Zero é o melhor programa de
combate à fome do mundo. "Possivelmente o nosso projeto de
combate à fome não é o mais perfeito do mundo, mas eu duvido
que no mundo tenha um mais
perfeito que o nosso", afirmou
Lula, após receber da FAO US$ 1
milhão para ajudar na implementação do seu programa.
O presidente não quis se comprometer com prazos para cumprir seu objetivo de campanha -
que cada brasileiro possa fazer
três refeições por dia. "Confesso
que não dá para quantificar a hora
e o momento em que vamos acabar com a fome." O sucesso do
programa, para Lula, não depende apenas do governo, mas da
participação da sociedade.
O presidente reclamou da falta
de solidariedade. "Para combater
a fome é preciso convencer os que
comem a estender a mão para os
que não comem. É difícil uma
pessoa que toma seu belo café, almoça e janta ter preocupação
com os que não comem", disse.
Lula defendeu o combate à fome no país como um "compromisso ético, moral e cristão". "É
sobretudo uma profissão de fé, de
estender as mãos àqueles que não
tiveram as mesmas oportunidade
que eu tive", afirmou.
O presidente disse que é "um
sonhador por natureza", que
acredita que "um dia haverá no
planeta Terra governantes que em
vez de quererem produzir uma
bala para matar alguém estarão
dispostos a plantar um pé de feijão para salvar alguém".
Ele finalizou seu discurso improvisado afirmando que "o dia
que conseguirmos isso a humanidade terá chegado ao paraíso que
todos nós buscamos".
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