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AGENDA PETISTA
Casa Civil responsabiliza imprensa pela interpretação das falas de Berzoini e Palocci e diz o que eles teriam dito
Dirceu corrige ministros sobre reformas
RANIER BRAGON
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A fim de reforçar o cacife do governo para concessões nas reformas previdenciária e tributária, o ministro da Casa Civil, José Dirceu, negou ontem eventuais recuos do governo nos dois temas.
Ele atribuiu à imprensa interpretação equivocada de afirmações
de anteontem dos ministros Ricardo Berzoini (Previdência) e
Antonio Palocci Filho (Fazenda).
Na prática, porém, falou mesmo
diferente dos ministros.
A mais importante negativa de
Dirceu foi dizer que o governo
ainda não decidira abrir mão da
alteração das regras de aposentadoria dos atuais servidores públicos, o que reservaria mudanças
apenas para aqueles que ingressarem na carreira após as reformas.
A interpretação da desistência
-um recuo da proposta de unificar a Previdência de trabalhadores privados e públicos, incluindo
os que já estão no sistema- surgiu de declaração de Berzoini na
instalação do Conselho Nacional
de Desenvolvimento Econômico
e Social, anteontem, em Brasília.
"Uma coisa é falar que é difícil,
outra coisa é chegar à conclusão
de que o governo abriu mão de teto único ou da Previdência única.
O governo não abriu mão de nada", disse Dirceu.
Ele ressuscitou o "regime único" porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende insistir
no tema, apesar de Berzoini já ter
relatado a ambos que há enorme
resistência de governadores e de
entidades sindicais do funcionalismo público ao enquadramento
dos atuais servidores.
Segundo a Folha apurou, Lula
acha prematuro matar o regime
único, tido como mais eficiente
para o controle das contas públicas no longo prazo, mas com um
custo de transição maior no curto
e médio prazos do que uma reforma menos abrangente.
Lula pretende insistir no regime
único na reunião com os governadores, marcada para sexta e sábado. O encontro servirá para mensurar a chance de o governo continuar a pensar nisso.
Se houver concessão, é politicamente vantajoso apresentá-la como resultado de negociação. Por
isso, Dirceu disse que a proposta
do governo não está fechada e que
Berzoini apenas apresentou opções para debate. Dirceu não quer
perder cacife político antes da hora para uma eventual concessão.
Anteontem, Berzoini afirmou
que "o ideal" seria criar um "sistema totalmente novo" para os novos servidores, com teto de pagamento semelhante ao privado,
hoje em R$ 1.561, e medidas para
reduzir gastos e corrigir distorções para quem já é servidor.
Outro indicador que apontou o
eventual recuo do governo foi a
distribuição, também na reunião
do conselho, de um texto apontando o PL-9 como diretriz para
acabar com a diferença entre os
regimes. O projeto de lei enviado
ao Congresso em 99 pelo governo
FHC prevê a criação dos fundos
de previdência complementar pela União, Estados e municípios e a
inscrição dos novos servidores no
regime de teto único. O projeto
está parado na Câmara.
"As propostas do PL-9 têm muita contestação no meio sindical,
mas têm vantagens, vamos avaliar", disse Dirceu.
CPMF
Outra negativa de Dirceu se referiu à CPMF, o "imposto do cheque". Segundo relato de integrantes do Conselho Social, o ministro
Palocci apresentou na reunião
três opções para o futuro da
CPMF (manutenção da alíquota
de 0,38%, redução para um percentual simbólico ou substituição
por outra fonte de arrecadação).
Apesar dessas alternativas, Palocci teria manifestado opinião favorável à manutenção da CPMF.
A intervenção de Dirceu teve o
objetivo de reforçar o interesse do
governo na reforma tributária.
Quando Palocci admite manter
alíquota de 0,38% da CPMF, a leitura de políticos e empresários é
que o governo não discutirá a sério uma ampla reforma tributária.
"Vocês estão com versões que
não correspondem aquilo que o
ministro [Palocci] disse. O ministro apresentou três soluções, não
disse qual o governo vai adotar."
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