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BAHIAGATE
Aldo Rebelo afirma que investigação pode ser vista como de "uso político"
CPI do grampo atrapalhará votações, diz líder do governo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O líder do governo na Câmara,
Aldo Rebelo (PC do B-SP), disse
ontem que a instalação de uma
CPI para apurar o caso do grampo na Bahia poderia atrapalhar as
votações que o Congresso irá realizar a partir da próxima semana.
Usando uma frase indireta, Rebelo acabou expondo abertamente um dos argumentos que têm sido usados reservadamente pelos
petistas para se declararem contra
a CPI neste momento.
"Uma CPI agora não ajudaria,
alguém poderia interpretá-la como medida precipitada, de uso
político, com efeito para criar
problemas para votações que o
Congresso vai enfrentar", disse.
Entre outras coisas, o governo
pretende enviar ao Congresso
neste ano as reformas da Previdência e tributária, consideradas
prioritárias pelo Executivo.
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), apontado pelos políticos atingidos como o
principal suspeito de estar por
trás do grampo ilegal -ele nega-, controla diretamente 23 votos na Câmara e três no Senado e
foi indicado pelo PFL presidente
da Comissão de Constituição e
Justiça do Senado, uma das mais
importantes da Casa.
O discurso corrente na cúpula
petista e no governo é o de que os
responsáveis pelo grampo devem
ser punidos severamente, mas
por meio da investigação da PF
-ou seja, pelo menos a princípio,
sem os traumas legislativos que
uma CPI poderia ocasionar.
Nas investigações feitas pela PF,
descobriu-se que vários telefones
foram grampeados na Bahia, alguns de forma fraudulenta. Entre
eles, estão os dos deputados Nelson Pellegrino, líder do PT na Câmara, e Geddel Vieira Lima
(PMDB) e do ex-deputado Benito
Gama, também do PMDB.
"A determinação do governo é
para que haja investigação rigorosa, conclusiva, não deixando dúvida sobre os responsáveis por esta prática", disse Rebelo.
Se a investigação policial não
chegar aos mandantes da ação, os
líderes do PT afirmaram que
apoiarão a CPI. O presidente da
Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), disse que a Casa está acompanhando o caso e que não negará apoio a nenhum parlamentar.
O procurador da Câmara, Luiz
Antonio Fleury Filho (PTB), que
esteve ontem na Bahia, afirmou
que as vítimas do grampo têm o
apoio da Procuradoria para mover uma ação de danos morais
contra o governo baiano. "Já há
provas suficientes de uma interceptação telefônica ilegal por parte do governo baiano", disse.
(RANIER BRAGON)
Colaborou a Agência Folha, em Salvador
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