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São Paulo, sábado, 15 de fevereiro de 2003

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BAHIAGATE

Aldo Rebelo afirma que investigação pode ser vista como de "uso político"

CPI do grampo atrapalhará votações, diz líder do governo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder do governo na Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), disse ontem que a instalação de uma CPI para apurar o caso do grampo na Bahia poderia atrapalhar as votações que o Congresso irá realizar a partir da próxima semana.
Usando uma frase indireta, Rebelo acabou expondo abertamente um dos argumentos que têm sido usados reservadamente pelos petistas para se declararem contra a CPI neste momento.
"Uma CPI agora não ajudaria, alguém poderia interpretá-la como medida precipitada, de uso político, com efeito para criar problemas para votações que o Congresso vai enfrentar", disse.
Entre outras coisas, o governo pretende enviar ao Congresso neste ano as reformas da Previdência e tributária, consideradas prioritárias pelo Executivo.
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), apontado pelos políticos atingidos como o principal suspeito de estar por trás do grampo ilegal -ele nega-, controla diretamente 23 votos na Câmara e três no Senado e foi indicado pelo PFL presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, uma das mais importantes da Casa.
O discurso corrente na cúpula petista e no governo é o de que os responsáveis pelo grampo devem ser punidos severamente, mas por meio da investigação da PF -ou seja, pelo menos a princípio, sem os traumas legislativos que uma CPI poderia ocasionar.
Nas investigações feitas pela PF, descobriu-se que vários telefones foram grampeados na Bahia, alguns de forma fraudulenta. Entre eles, estão os dos deputados Nelson Pellegrino, líder do PT na Câmara, e Geddel Vieira Lima (PMDB) e do ex-deputado Benito Gama, também do PMDB.
"A determinação do governo é para que haja investigação rigorosa, conclusiva, não deixando dúvida sobre os responsáveis por esta prática", disse Rebelo.
Se a investigação policial não chegar aos mandantes da ação, os líderes do PT afirmaram que apoiarão a CPI. O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), disse que a Casa está acompanhando o caso e que não negará apoio a nenhum parlamentar.
O procurador da Câmara, Luiz Antonio Fleury Filho (PTB), que esteve ontem na Bahia, afirmou que as vítimas do grampo têm o apoio da Procuradoria para mover uma ação de danos morais contra o governo baiano. "Já há provas suficientes de uma interceptação telefônica ilegal por parte do governo baiano", disse. (RANIER BRAGON)


Colaborou a Agência Folha, em Salvador


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