São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 2004

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ELEIÇÕES 2004

Quércia ainda resiste em abrir mão de indicar companheiro de chapa da prefeita Marta Suplicy em São Paulo

PMDB exige vice para fechar aliança em SP

JULIA DUAILIBI
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

O PMDB de São Paulo, liderado pelo ex-governador Orestes Quércia, resiste em abrir mão da indicação do vice-prefeito na chapa da prefeita Marta Suplicy (PT), candidata à reeleição na capital paulista. Diante da pressão do grupo de Marta, que pretende indicar o secretário de Governo, Rui Falcão, para vice, o PMDB ameaça lançar um candidato próprio.
O PT negocia um acordo com o PMDB municipal por meio do qual ofereceu ao partido a secretaria da Habitação e a Cohab, além da coligação na chapa proporcional, a que elegerá os vereadores. Hoje o partido participa do governo apenas com cargos nas subprefeituras da cidade.
Os vereadores do PMDB, que fazem parte da base governista da prefeita Marta, são entusiastas do acordo, cujo principal articulador é o próprio secretário Rui Falcão.
"A tendência do PMDB é ter candidato próprio. A não ser que haja uma composição na chapa majoritária. A minha posição nisso colide com a dele [Falcão]. O PMDB quer ter candidato", afirmou Orestes Quércia. Se não houver composição, o ex-governador diz defender o lançamento de Michel Temer, presidente do partido, na disputa pela prefeitura.
Para o PT, é interessante coligar-se com o PMDB, principalmente devido ao tempo de televisão. O problema é justamente ter de ceder o vice: os planos políticos de Marta passam pela candidatura ao governo do Estado em 2006, o que poderia jogar a prefeitura nas mãos de outra legenda. A solução encontrada foi buscar um nome da confiança de Marta.
A escolha de Falcão deixa livre o caminho para a prefeita, caso ela se reeleja, abrir mão do comando da capital para disputar a sucessão do governador Geraldo Alckmin (PSDB) no Palácio dos Bandeirantes, sonho acalentado desde 1998, quando ela ficou em terceiro lugar na disputa.
Os peemedebistas paulistas não se empolgaram com o espaço recebido na reforma ministerial de Luiz Inácio Lula da Silva, o que não tem ajudado nas negociações com o PT. O partido ficou com as pastas das Comunicações (Eunício Oliveira) e da Previdência Social (Amir Lando).
Dentro do PT, o sinal verde para a indicação de Falcão no posto de vice foi dado pelo Planalto. O grupo político do ministro José Dirceu (Casa Civil) chegou a ser contra esse arranjo, mas acabou prevalecendo a posição da prefeita paulistana e de seus aliados.
O próprio Dirceu, o senador Aloizio Mercadante e o presidente do partido, José Genoino, também pleiteiam o direito de concorrer ao governo do Estado.
"Nós sempre achamos que deveria ser um nome de dentro do partido", disse o presidente do Diretório Municipal do PT, o deputado estadual Ítalo Cardoso.
A decisão deverá ser oficializada no encontro que o diretório do PT realiza nos dias 13 e 14 de março próximo. A única aresta a ser aparada dentro do partido hoje é a situação do atual vice-prefeito de Marta, Hélio Bicudo, que estaria insatisfeito com o acordo.
No mês passado, Bicudo disse que era "natural" a permanência dele no posto em caso de uma reeleição da prefeita. A Folha tentou falar com o vice-prefeito, mas ele disse, por meio de sua assessoria, que não comentaria o caso.


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