São Paulo, sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

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Deputado do PT será substituto de Matilde

Edson Santos, que deve assumir a Igualdade Racial na próxima quarta, defende uso de cartão para gastos emergenciais

Futuro ministro fez elogios ao trabalho desempenhado pela antecessora na pasta e se disse a favor do sistema de cotas em universidades

Marcello Casal Jr./ABr
NOVO MINISTRO
O deputado Edson Santos (PT-RJ), que assumirá a Secretaria de Igualdade Racial no lugar de Matilde Ribeiro, exonerada por uso indevido do corporativo do governo


LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Quatorze dias depois da queda de Matilde Ribeiro por uso irregular do cartão corporativo do governo, o deputado Edson Santos (PT-RJ) foi anunciado ontem o novo ministro da Secretaria de Igualdade Racial. Em sua apresentação à imprensa, feita pelo secretário-adjunto Martvs das Chagas, que comanda interinamente a pasta, Santos disse que vai esperar definição do governo sobre cartão para decidir se terá um em seu nome ou se será usado por um assessor, mas destacou sua importância para pagar gastos "emergenciais".
Pela manhã, no Planalto, o deputado disse ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que aceitava o cargo. Santos foi cotado para o cargo quando Matilde deixou o posto e sua indicação foi chancelada pelo PT. Edson Santos foi criado no Horto (zona sul do Rio). Sua família está ali desde o século 19. O futuro ministro descende de escravos radicados na região durante o segundo Império, presumem historiadores.
Ontem, ele teria um encontro com o deputado cassado e ex-ministro José Dirceu, que foi cancelado por causa do anúncio oficial. Eles são amigos há mais de dez anos. Dirceu, no entanto, nega que tenha participado da escolha. "Não tive participação, mas acho que ele tem todos os méritos e vai ser um excelente ministro."
O petista também elogiou o trabalho da antecessora - "ela criou os alicerces da secretaria"-, defendeu o estabelecimento de cotas raciais e disse que a secretaria é prestigiada por Lula. "Recebi com alegria a responsabilidade que me foi dada e vou trabalhar com afinco para continuar o que foi feito pela Matilde", disse Santos, que classificou a queda da ex-ministra como o resultado de um "equívoco" com um "triste" desfecho. Ele contou que conversou com Matilde sobre as ações em andamento.
A posse está prevista para a próxima quarta-feira. Setores do movimento negro cobram efeitos práticos da secretaria de Igualdade Racial. Santos pensa diferente, citando a demarcação de terras ocupadas por remanescentes de quilombos como uma das maiores conquistas. "Isso é algo concreto", afirmou o petista. "Evidente que a secretaria tem um foco na sociedade negra, mas trata também dos índios, palestinos, judeus, enfim, das diferentes nacionalidades que temos no país", completou.
O futuro ministro também defendeu o estabelecimento das cotas raciais nas universidades, classificadas por ele como um "acerto e de caráter positivo", mas ressaltou que o assunto precisa ser debatido com toda a sociedade, pois a "solução não pode ser traumática". Só depois da posse, declarou, e após analisar a estrutura da secretaria, que tem status de ministério e é ligada à Presidência, é que ele vai conversar sobre o assunto com Lula.
Uma das explicações de Matilde para os altos gastos com cartão (mais de R$ 171 mil no ano passado) foi a falta de estrutura da pasta, principalmente nos Estados. A secretaria, contudo, diz que está em estudo um processo licitatório para o aluguel de veículos, que deve ficar pronto em 60 dias.


Colaborou MARIA CLARA CABRAL, da Sucursal de Brasília


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