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Deputado do PT será substituto de Matilde
Edson Santos, que deve assumir a Igualdade Racial na próxima quarta, defende uso de cartão para gastos emergenciais
Futuro ministro fez elogios ao trabalho desempenhado pela antecessora na pasta e se disse a favor do sistema de cotas em universidades
Marcello Casal Jr./ABr
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NOVO MINISTRO
O deputado Edson Santos (PT-RJ), que assumirá a Secretaria de Igualdade Racial no lugar de Matilde Ribeiro, exonerada por uso indevido do corporativo do governo
LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Quatorze dias depois da queda de Matilde Ribeiro por uso
irregular do cartão corporativo
do governo, o deputado Edson
Santos (PT-RJ) foi anunciado
ontem o novo ministro da Secretaria de Igualdade Racial.
Em sua apresentação à imprensa, feita pelo secretário-adjunto Martvs das Chagas,
que comanda interinamente a
pasta, Santos disse que vai esperar definição do governo sobre cartão para decidir se terá
um em seu nome ou se será
usado por um assessor, mas
destacou sua importância para
pagar gastos "emergenciais".
Pela manhã, no Planalto, o
deputado disse ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva que
aceitava o cargo. Santos foi cotado para o cargo quando Matilde deixou o posto e sua indicação foi chancelada pelo PT.
Edson Santos foi criado no
Horto (zona sul do Rio). Sua família está ali desde o século 19.
O futuro ministro descende de
escravos radicados na região
durante o segundo Império,
presumem historiadores.
Ontem, ele teria um encontro com o deputado cassado e
ex-ministro José Dirceu, que
foi cancelado por causa do
anúncio oficial. Eles são amigos
há mais de dez anos. Dirceu, no
entanto, nega que tenha participado da escolha. "Não tive
participação, mas acho que ele
tem todos os méritos e vai ser
um excelente ministro."
O petista também elogiou o
trabalho da antecessora - "ela
criou os alicerces da secretaria"-, defendeu o estabelecimento de cotas raciais e disse
que a secretaria é prestigiada
por Lula. "Recebi com alegria a
responsabilidade que me foi
dada e vou trabalhar com afinco para continuar o que foi feito
pela Matilde", disse Santos, que
classificou a queda da ex-ministra como o resultado de um
"equívoco" com um "triste"
desfecho. Ele contou que conversou com Matilde sobre as
ações em andamento.
A posse está prevista para a
próxima quarta-feira.
Setores do movimento negro
cobram efeitos práticos da secretaria de Igualdade Racial.
Santos pensa diferente, citando
a demarcação de terras ocupadas por remanescentes de quilombos como uma das maiores
conquistas. "Isso é algo concreto", afirmou o petista.
"Evidente que a secretaria
tem um foco na sociedade negra, mas trata também dos índios, palestinos, judeus, enfim,
das diferentes nacionalidades
que temos no país", completou.
O futuro ministro também
defendeu o estabelecimento
das cotas raciais nas universidades, classificadas por ele como um "acerto e de caráter positivo", mas ressaltou que o assunto precisa ser debatido com
toda a sociedade, pois a "solução não pode ser traumática".
Só depois da posse, declarou,
e após analisar a estrutura da
secretaria, que tem status de
ministério e é ligada à Presidência, é que ele vai conversar
sobre o assunto com Lula.
Uma das explicações de Matilde para os altos gastos com
cartão (mais de R$ 171 mil no
ano passado) foi a falta de estrutura da pasta, principalmente nos Estados. A secretaria,
contudo, diz que está em estudo um processo licitatório para
o aluguel de veículos, que deve
ficar pronto em 60 dias.
Colaborou MARIA CLARA CABRAL,
da Sucursal de Brasília
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