DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Nas articulações políticas, o presidente Lula assumiu o controle total do projeto Dilma-2010. O PT participa marginalmente. Sem um nome histórico da legenda que possa fazer sombra a Dilma, o partido se rendeu à ministra.
Isso ficou evidente na última terça, no jantar de 29 anos do PT em Brasília. Depois de discursar, ela ouviu um coro: "Olê, olê, olê, olá, Dilma, Dilma".
Para vitaminar a ministra, Lula rifou a candidatura de Tião Viana (PT-AC) à presidência do Senado a fim de alimentar uma aliança formal entre PT e PMDB em 2010. Após a vitória de José Sarney (PMDB-AP), Lula ligou para o novo presidente do Senado. Disse a Sarney que ficara feliz com sua vitória e que não desejava que sua filha Roseana (PMDB-MA) deixasse a função de líder do governo no Congresso.
Lula também tem cercado de cuidados o novo presidente da Câmara, Michel Temer (SP). Já ofereceu a vice de Dilma ao PMDB e orientou o PT a não retaliar Temer pela entrada de Sarney na disputa do Senado.
A ação a favor de Viana do chefe-de-gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, deve ser entendida como mais um lance de Lula manter o PT sob rédea curta. Lula quer que o PT vá em romaria ao Planalto pedir que libere Carvalho a disputar a presidência da legenda em novembro. Deseja que, após a renovação da direção partidária, o PT assuma a candidatura da ministra e passe a articular alianças com o PMDB e aliados. Imagina que até lá ela possa chegar a 20% nas pesquisas. Hoje, tem entre 8% e 13%.
Dilma também faz acenos em direção ao partido. Anteontem, em jantar na casa de Marta Suplicy, disse que o PT de São Paulo é fundamental na eleição. E disse que sua agenda está à disposição do partido para eventos no Estado. Ela ainda comparou sua situação à de FHC na campanha de 1994 -ele era ministro e derrotou um candidato (Lula) que tinha larga liderança nas pesquisas.
A atuação de Lula hoje chega ao ponto de o presidente escolher fotos de Dilma que devam ser divulgadas. Os cuidados para melhorar a aparência da ministra obedecem a uma estratégia de angariar maior simpatia no eleitorado feminino.