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CASO DOS "GAFANHOTOS"
Oferta, diz ex-chefe da folha de pagamentos de Roraima, era para não envolver governador no escândalo
RR tem denúncia de compra de silêncio
JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA
A ex-chefe da folha de pagamentos do Estado de Roraima Sônia Nattrodt afirmou, em depoimento à Justiça Federal, que recebeu uma oferta em dinheiro para
não depor contra o governador
Flamarion Portela no chamado
escândalo dos "gafanhotos".
No depoimento, ela ratificou o
que havia dito à Polícia Federal no
ano passado, ou seja, reafirmou
que Flamarion sabia das fraudes.
Nesta semana, o PT decide o
que fazer com Flamarion, que pediu afastamento do partido por 90
dias, em razão das acusações de
que está envolvido com a fraude.
O golpe, segundo a força-tarefa
liderada pela PF, pode ter lesado
os cofres públicos em R$ 230 milhões em quatro anos. O esquema
consistia no uso de funcionários
fantasmas (os "gafanhotos", que
"comiam" a folha de pagamento)
para o enriquecimento de ao menos 30 autoridades roraimenses.
Nattrodt atuou no governo entre abril de 2002 e janeiro de 2003.
Em seu depoimento, disse que foi
procurada pelo empresário Zacarias Castelo Branco e que ele a ofereceu um curso de especialização
em Santa Catarina e R$ 10 mil por
mês em troca do silêncio sobre a
participação de Flamarion no escândalo. Ela contou que Branco
afirmou que não queria perder R$
4 milhões aplicados no financiamento da campanha da reeleição
do governador de RR, em 2002.
Oficialmente, não há registro de
doações de Branco e de suas empresas, que prestam serviços de
engenharia ao Estado, à Flamarion, que declarou à Justiça Eleitoral gastos de R$ 1,16 milhão. O
empresário nega as acusações.
No depoimento, Nattrodt detalhou como funcionava o esquema
e o envolvimento do governador.
São trechos da oitiva: "Pessoas
eram incluídas [na folha de gafanhotos] com autorização dele
[Flamarion]"; "Quando entrou
[no governo], a folha estava em
torno de R$ 1,5 milhão e, quando
saiu, em torno de R$ 5 milhões".
O incremento nos valores da folha de pagamento durante a gestão de Flamarion foi comprovado, segundo a PF, pela análise de
documentos feita por peritos.
A documentação que envolve o
governador já foi remetida para o
STJ (Superior Tribunal de Justiça), que abriu inquérito e encaminhou o procedimento para a Procuradoria Geral da República.
Caso o órgão denuncie Flamarion, o ministro do STJ Jorge Scartezzini, que cuida do inquérito,
poderá abrir ação contra o governador, o que dependeria ainda da
aprovação da Assembléia de RR.
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