KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Cerca de 500 agricultores ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiram, ontem pela manhã, uma fazenda de 525 hectares no município de Bonito, no agreste de Pernambuco, a 130 km de Recife.
A mesma fazenda Uberaba, localizada perto da PE-103, já havia sido invadida em julho do ano passado, também pelo MST. Na ocasião, a Justiça concedera a reintegração de posse aos donos.
Os sem-terra querem a vistoria da fazenda pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para uma possível desapropriação para reforma agrária. Eles afirmam que a área invadida é improdutiva.
Logo que chegaram ao local, os sem-terra derrubaram as cercas e montaram o acampamento, com lonas pretas e bandeiras do movimento, bem próximo à casa-sede, onde vivem os donos.
"Tivemos de sair de lá às pressas numa viatura, porque a polícia não garantiu que não seríamos expulsos", disse Maria José Galindo, uma das proprietárias. Ela afirmou que irá entrar com novo pedido de reintegração de posse e que temia que a própria casa-sede fosse invadida durante a noite.
"Eles já mataram boi, pegaram galinhas e estão aproveitando a piscina", afirmou. "É inacreditável não poder voltar para uma terra que é nossa há cinco gerações."
Galindo afirma que a fazenda é produtiva, tem criações de gado, galinhas e porcos, além de áreas para plantio de feijão e pastagem.
No final da tarde de ontem, a polícia informou que os sem-terra aceitaram não invadir a casa-sede da fazenda. Eles, porém, ocuparam um dos balcões onde havia criação de aves.
A Polícia Militar acompanhou a invasão, desde o início, com 30 policiais. Um helicóptero chegou a sobrevoar a região, à tarde, mas não houve confrontos.
Na última sexta-feira, em Fortaleza, o líder do MST João Pedro Stedile afirmou que o movimento vai aumentar a pressão sobre o governo para acelerar a reforma agrária, "com invasões e com tudo o que tiver direito".
Também na semana passada, Jaime Amorim, líder do MST em Pernambuco, anunciou a retomada das invasões. "A partir de agora, os que estão na beira da estrada vão procurar espaço para produzir", afirmou no último dia 7.



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