São Paulo, quarta-feira, 15 de março de 2006

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Partido quer "despaulistizar" tucano

CHICO DE GOIS
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Antes mesmo do anúncio de Geraldo Alckmin, governadores já o aconselhavam a não "paulistizar" a campanha. Para eles, Alckmin terá de intensificar suas idas ao Norte e Nordeste e montar uma campanha que mescle paulistas e tucanos de outros Estados. "É necessário ampliar", afirmou Cássio Cunha Lima (PB). "Devemos nacionalizar a campanha para que não haja uma centralização", disse Marconi Perillo (GO), agregando que, em caso de vitória, "não deve haver paulistério".
No Palácio dos Bandeirantes, os governadores disseram que Alckmin é identificado com as causas paulistas e sugeriram que se comprometesse com um novo pacto federativo. "Tem de ser uma campanha descentralizada, levando em conta todos os aspectos nacionais", disse Simão Jatene (PA).
O anúncio de Alckmin foi feito depois, às 16h45, na sede do partido. Inicialmente a "cerimônia" se daria no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual. Um palanque chegou a ser montado, mas, faltando 15 minutos para o ato, a assessoria de Alckmin transferiu a cena para o diretório. A explicação foi simples: entenderam que fazer um ato partidário num local público seria ferir a lei.
Coube ao presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), declarar Alckmin como candidato. No palanque estavam Fernando Henrique Cardoso, governadores, secretários estaduais e deputados ligados a Alckmin. Pelo lado de Serra, só Alberto Goldman (SP) e Eduardo Paes (RJ).
Tasso, FHC e Aécio Neves chegaram ao evento de braços dados. Pela manhã, governadores disseram que o ultimato de Serra, que só aceitaria ser candidato se não houvesse prévias, não teve bom efeito. "É legítimo que reivindique ser candidato. Agora, impor critério de escolha é complicado", disse Lúcio Alcântara (CE).
Os governadores almoçaram com Tasso e, por volta das 13h, Alckmin foi à prefeitura para conversar com Serra. Ao sair, Tasso não escondia a alegria de ter colocado fim ao impasse. "Agora vocês não vão mais me seguir por São Paulo", disse aos repórteres.
Elogiado em todos os discursos, Serra não compareceu ao evento. No final do dia, divulgou uma nota na qual diz que seu "senso de responsabilidade política" o levou a abdicar da candidatura em favor do governador. Embora tenham dito que o partido saía unido para a disputa, líderes sabem que terão de curar as feridas internas.
Em seu discurso, Alckmin elogiou "os três engenheiros do bem comum" [Tasso, Aécio e FHC] e também o "grande companheiro José Serra". Disse que "o Brasil não agüenta mais esta onda de corrupção", criticou o que considera baixo desenvolvimento e prometeu "um banho de ética".


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