São Paulo, quarta-feira, 15 de março de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Ermírio de Moraes diz que Serra deveria disputar governo do Estado; Armando Monteiro, da CNI, e Paulo Skaf, da Fiesp, destacam gestão de Alckmin

Escolha é elogiada por líderes empresariais

GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA

A escolha de Geraldo Alckmin como candidato do PSDB foi bem recebida pelos empresários Antônio Ermírio de Moraes (grupo Votorantim), Paulo Skaf (presidente da Fiesp) e Armando Monteiro (presidente da CNI). Também houve reação positiva no mercado financeiro.
José Serra, rival na disputa pela candidatura, enfrentava resistências no empresariado.
Ermírio considera Alckmin é o melhor nome para disputar as eleições. O problema de Serra, segundo o empresário, é que ele "é meio teimoso." Para Ermírio, Serra deveria disputar o governo de São Paulo. "O Serra seria imbatível numa eleição para o governo de São Paulo. A Marta [Suplicy, do PT] não teria condições."
Para o empresário, Alckmin tem uma série de qualidades que o credenciam para disputar as eleições com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Ele fez um governo limpo e sem corrupção. Se houve alguma corrupção, foi mínima."
Ermírio julga que, apesar de estar atrás de Serra nas pesquisas eleitorais, Alckmin tem muitas chances de subir, se na campanha usar o seu trabalho no governo. Ermírio considera, no entanto, que a batalha será muito dura. "O Lula é um caso sério", diz. "Infelizmente não será fácil para o Alckmin. O Lula não conversa com deputados e senadores, só quer conversar com o povão. O Alckmin é excelente candidato, mas o PT não brinca em serviço."

Diálogo
O presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria) também considerou positiva a escolha de Alckmin. "O governo que fez em São Paulo mostrou que ele tem condições de disputar a Presidência da República", disse Armando Monteiro. Segundo ele, Alckmin conquistou a simpatia de muitos setores do empresariado. "O Serra me parece que não tem um diálogo tão fluido quanto o de Alckmin", disse Monteiro.
Na opinião dele, Alckmin adotou medidas que foram muito bem recebidas pelos empresários durante o seu governo em São Paulo, como a desoneração fiscal que beneficiou diversos setores da indústria. "Só recebo elogios da administração Alckmin das entidades industriais de São Paulo, como a Ciesp e a Fiesp", disse.
O presidente da CNI diz, no entanto, que não acredita num apoio massivo do empresariado ao nome de Alckmin. Ele acha que Lula conseguiu conquistar um amplo apoio no setor, como a própria CNI.
O presidente da Fiesp disse à Folha que "o programa de governo realizado em São Paulo, se ampliado para o Brasil, será muito positivo para o país".
Paulo Skaf é amigo de longa data de Alckmin. Os dois se conhecem de Pindamonhangaba, onde possuem residências. No início do ano, Skaf chegou a manifestar apoio a Alckmin ao dizer que ele seria o candidato natural do PSDB. Agora, preferiu não se estender a respeito da escolha.

Bolsa
O anúncio da escolha não chegou a agitar muito o mercado financeiro. Mas foi bem recebido por analistas e investidores. Antes do anúncio, a Bovespa operava em torno de 1,4% de alta. Pouco depois, alcançou a máxima do dia, marcando valorização de 2%.
"O mercado teve uma reação positiva em relação à indicação do Alckmin. Na análise do mercado, o nome do Alckmin traz mais tranqüilidade do que o do Serra", disse Luiz Roberto Monteiro, assessor de investimentos da corretora Souza Barros. Para Luiz Antonio Neves, diretor da corretora Planner, "o mercado simpatiza menos com o Serra, por achá-lo mais centralizador". "Em um segundo momento, o mercado vai querer saber mais sobre os projetos para a área econômica e informações sobre quem deve cuidar da economia em um hipotético governo Alckmin", diz Neves.


Colaborou a Reportagem Local

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