São Paulo, quarta-feira, 15 de março de 2006

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PT busca restringir o depoimento de Duda

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PT quer que o depoimento do publicitário Duda Mendonça à CPI dos Correios, marcado para hoje, seja restrito aos quatro parlamentares que tiveram acesso aos documentos com sua movimentação financeira no exterior. A alegação é que a medida dificultaria o vazamento de informações sigilosas, mas a oposição e o relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), são contra.
"Na operação para conseguir o compartilhamento desses dados nos comprometemos a não divulgar essas informações. Mesmo que a sessão seja reservada vai haver vazamentos, como já houve. Estamos enterrando definitivamente a cooperação com os Estados Unidos para futuras investigações", afirmou a líder do PT, senadora Ideli Salvatti (SC).
O Ministério da Justiça e a Polícia Federal tiveram acesso à quebra do sigilo bancário de Duda no exterior em novembro, mas a CPI só recebeu essa autorização no final do mês passado. Autoridades dos EUA temiam o vazamento dos dados e seu uso político.
Uma das medidas adotadas pela comissão para ganhar a confiabilidade da Promotoria Distrital de Nova York e do FinCen (Financial Crimes Enforcement Network) foi limitar o acesso a esses papéis ao presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), ao relator e aos deputados Eduardo Paes (PSDB-RJ) e Maurício Rands (PT-PE).
"O depoimento só vai ser fechado na parte em que abordarmos as contas no exterior, mas ele vai falar para todos", disse Paes, que é relator-adjunto.
O publicitário já compareceu à CPI, em agosto, espontaneamente. Na ocasião ele afirmou ter recebido R$ 10,5 milhões, depositados no exterior em esquema de caixa dois, por campanhas petistas em 2002 e por serviços prestados ao partido em 2003. Segundo Duda, ele abriu uma offshore -empresa em que os sócios não são identificados- chamada Dusseldorf, nas Bahamas, para receber o dinheiro.
Hoje os questionamentos dos parlamentares vão ficar centrados na suposta existência de outras contas do publicitário, que também teriam movimentado dinheiro de caixa dois eleitoral, e na origem do dinheiro que pagou as dívidas do PT.
Parlamentares que conversaram com Duda nesta semana afirmaram que ele está nervoso e pretende ficar calado na CPI. O publicitário conseguiu um habeas corpus no STF (Supremo Tribunal Federal) que lhe dá o direito de não responder a perguntas que possam prejudicar sua defesa, sem o risco de ser preso por isso.


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