São Paulo, sábado, 15 de março de 2008

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PT-SP revê tática eleitoral e admite dar a vice ao PMDB

Petistas querem evitar cenário de 2004, quando Marta rejeitou aliança com Quércia

Lula afirma que "Marta é uma boa candidata" e que se manterá neutro no processo de escolha de candidatos do PT às eleições deste ano

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dia após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter dado aval à candidatura Marta Suplicy (PT) à Prefeitura de São Paulo, a direção do partido na capital paulista sinalizou ontem que deverá mudar suas diretrizes em relação ao que foi feito em 2004 e pretende abrir as portas da sua chapa para ter o PMDB na vaga de vice.
Na eleição anterior, quando a então prefeita Marta Suplicy foi derrotada por José Serra (PSDB), o PMDB ficou fora de sua chapa por ter exigido o posto de vice, que acabou ocupado pelo hoje deputado estadual Rui Falcão (PT). A "chapa puro-sangue" petista estremeceu as relações com o ex-governador Orestes Quércia, principal líder peemedebista no Estado.
Na ocasião, Marta disse que não confiava no PMDB a ponto de entregar a vice, já que, a exemplo do que poderá ocorrer em 2010, ambicionava disputar o governo de São Paulo.
O presidente do Diretório Municipal do partido na capital paulista, José Américo Dias, afirmou que a vaga de vice será ocupada por um nome vindo de PMDB, PR, PC do B ou PSB.
Dias deverá ser um dos coordenadores da campanha e, na condição de responsável pelo GTE (Grupo de Trabalho Eleitoral) do PT, vem tratando das coligações com outros partidos.
"Estamos procurando partidos que estão na coalização em torno do governo Lula. No que depende de mim, isso deve evoluir para a questão da vaga de vice, inclusive com o PMDB. Mas qualquer decisão será referendada pelo PT", disse.
O grupo da ministra em São Paulo avalia, porém, que um acordo com Quércia passará pelo Palácio do Planalto. Uma das cartas postas à mesa inclui a transferência do controle da Ceagesp, principal central de abastecimento do Estado, ao ex-governador do PMDB.
Outro ponto a negociar são as chapas em cidades paulistas importantes. Peemedebistas querem que o PT retire candidaturas com poucas chances em favor do PMDB.
Esse ponto está sendo tratado com Edinho Silva (PT), prefeito de Araraquara, terra de Marcelo Barbieri, o principal afilhado político de Quércia.
O ex-governador, por enquanto, tem batido na tecla de que o melhor para o PMDB seria uma candidatura própria. Em 2004, Michel Temer foi vice de Luiza Erundina (PSB).
Quércia também mantém diálogos com o tucano Geraldo Alckmin, outro pré-candidato. As conversas, segundo alckmistas, estariam em estágio avançado. Na eleição de 2006, Alckmin, então candidato ao Planalto, foi criticado por ter aceitado o apoio do peemedebista Anthony Garotinho (RJ).

Planalto
O presidente Lula disse ontem que se manterá neutro durante o processo de escolha de candidatos do PT às eleições deste ano. "Se houver dois ou três nomes, a prudência indica que eu não devo participar."
A afirmação foi feita em Araraquara (SP), administrada pelo petista Edinho Silva, onde Lula inaugurou uma escola e assinou ordem de serviço para iniciar duas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). "Se um ministro quiser sair para disputar alguma coisa, é uma decisão unilateral. O PT tem tempo para decidir isso ainda, mas certamente o que todo mundo sabe é que Marta é uma boa candidata."


Colaborou a Folha Ribeirão, em Araraquara


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