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Soninha afirma que não apoiaria Marta no 2º turno
Vereadora diz que "aquela coisa do vírgula mas faz" a afasta do PT, seu partido anterior
Pré-candidata do PPS rejeita também ser vice na chapa de Alckmin ou na de Kassab e diz que sentia "angústia, desgosto e aflição" no PT
Eduardo Knapp - 30.out.2004/Folha Imagem
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Soninha, então no PT, participa da campanha de Marta em 2004 |
DA REPORTAGEM LOCAL
Alvo da cobiça de democratas
e tucanos, a vereadora Soninha
Francine, pré-candidata a prefeita de São Paulo pelo PPS, rejeita a idéia de ser vice na chapa
de Gilberto Kassab (DEM) ou
Geraldo Alckmin (PSDB), mas
afirma que não apoiaria Marta
Suplicy (PT) em um eventual
segundo turno.
Em uma alusão ao histórico
slogan que alia falta de escrúpulos à eficiência administrativa, ela diz: "Aquela coisa do ...
"vírgula", mas faz... Eu não posso concordar com isso".
Leia a seguir trechos da entrevista da pré-candidata.
(JOSÉ ALBERTO BOMBIG)
FOLHA - Você tem intenção de ser
vice em alguma chapa?
SONINHA - Nem eu nem o PPS.
Disputar uma eleição ajuda a
definir a identidade de um partido. Estamos dispostos a participar da corrida.
FOLHA - Qual seria seu discurso?
SONINHA - Alguns partiriam para o ataque, acusando adversários de serem mais do mesmo.
Até certo ponto, não queremos
nada disso que está aí. Mas, do
ponto de vista da administração, vamos reconhecer o que
uns e outros fizeram de bom.
FOLHA - Tem mágoa do PT?
SONINHA - Mágoa não se aplica
nesse caso. Eu tinha no PT angústia, desgosto e aflição. Hoje,
é alívio. Não era o tipo de relação da qual eu me orgulhava.
Quando estava fora, olhando
para a administração municipal [2000-2004], eu via que a
prefeita tinha maioria absoluta
na Câmara. Depois que eu... Estou medindo as palavras... Depois que eu vim para cá, eu vi a
brutalidade dessa relação.
FOLHA - O PT diz que foi traído.
SONINHA - Eu não me aproximei do PSDB e do Democratas
e também não me afastei dos
ideais que me levaram ao PT.
Os petistas hoje fazem tantas
concessões que a gente nem sabe mais do que eles não abrem
mão de jeito nenhum.
FOLHA - É ruim para você ser cobiçada como vice?
SONINHA - Se eles me identificam como uma agregadora de
qualidades, é lisonjeiro, já que é
uma política diferente da deles
mesmos. Estão abrindo a chapa
para a diversidade política.
FOLHA - As duas prefeitas que São
Paulo já teve [Luiza Erundina e Marta Suplicy] disseram que foram vítimas de preconceito.
SONINHA - Não temo isso, apesar de saber que há golpes baixos. Contra a Marta, disseram
que ela era perua. Nunca chamaram um homem de peru. No
meu caso, perua não se aplica.
FOLHA - Mas não teme ser chamada de maconheira?
SONINHA - É claro que vão me
chamar, mas eu não temo. Vou
ter de explicar eternamente o
motivo de eu ter dito que fumava maconha [em entrevista à
revista "Época", em 2001].
Nem fumo mais nem mudei de
idéia a respeito da legislação,
que eu acho que causa muito
mais dano do que o bem que ela
pretende causar.
FOLHA - A política mudou desde o
episódio da maconha?
SONINHA - A gente teve uma
abertura maior para alguns temas que antes era mais tabu.
Nesta semana, por exemplo, o
Kassab, que é do DEM, foi inaugurar um centro de referência
GLBT [Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros].
FOLHA - Você vai centrar sua campanha em temas polêmicos?
SONINHA - A questão das drogas
não, porque está fora da alçada
do prefeito. Não cabe como plataforma do governo. Mas em
temas espinhosos, como o trânsito, vamos dizer que não cabe
um modelo baseado no automóvel. As pessoas não mudam
de hábito da noite para o dia.
FOLHA - Por que não compor com
DEM ou PSDB?
SONINHA - Porque eu sou de esquerda. Deixei o PT para ir para
um partido de esquerda. Dentro do PSDB, o Alckmin está do
centro para a direita. E o DEM
era o PFL.
FOLHA - Se não for para o segundo
turno, poderia apoiar a Marta?
SONINHA - Apesar de ter certeza de que ela e o PT podem ter
boas propostas para a cidade,
porque teve boas realizações, o
modus operandi do partido me
detém. A falta de consistência,
a permissividade, a falta de limite para concessões e acordos
me impede. Aquela coisa do ...
"vírgula" mas faz... Eu não posso
concordar com isso.
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