|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Músicos cubanos ganham status de refugiados no Brasil
Ministério da Justiça aprovou 15 pedidos de refúgio; empresário sul-coreano Chong Jin-jeon, porém, teve a solicitação negada
Díaz, Costafreda e Pompa, que moram em Recife e já montaram nova banda com brasileiros, dizem que agora querem trazer suas famílias
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério da Justiça aprovou ontem o pedido de refúgio
feito por três músicos cubanos
que estão no Brasil desde dezembro do ano passado.
Juan Alcides Díaz, 42, Miguel
Ángel Costafreda, 40, e Arodis
Verdecia Pompa, 36, chegaram
a Recife no dia 5 de dezembro
para uma série de apresentações do grupo Los Galanes, do
qual faziam parte junto a outros três cubanos.
Eles deveriam retornar a Havana em 14 de dezembro, mas
fugiram da pousada onde estavam hospedados no dia anterior à viagem para não voltarem a Cuba.
O Conare (Comitê Nacional
para os Refugiados), órgão do
Ministério da Justiça, se reuniu
para analisar 49 pedidos de refúgio que estavam pendentes.
Foram julgados 29 -15 foram
aceitos e 14, rejeitados.
O pedido de refúgio do empresário sul-coreano Chong
Jin-jeon foi negado e ele deverá
ser extraditado em até 90 dias.
Com a concessão aos músicos cubanos, eles passam a ter
todos os direitos civis garantidos, como acesso a saúde e educação, e poderão fazer documento de identidade, carteira
de trabalho e passaporte brasileiros. Só não poderão votar ou
concorrer a cargos eletivos,
pois, como não são naturalizados, não têm direitos políticos.
Família
Díaz, Costafreda e Pompa estão morando em Recife, onde
pretendem se estabelecer com
suas famílias.
"Estamos vivendo um momento de emoção tremenda. A
partir desta decisão do governo
[brasileiro], vamos seguir trabalhando com música. Formamos aqui o grupo Brascuba,
com músicos brasileiros, para
ganhar dinheiro e fazer nossa
vida no Brasil", afirmou Díaz.
Os cubanos tentam agora
trazer suas famílias. Os três são
casados e dois deles têm filhos.
"Vamos ver de que maneira
podemos trazer nossas famílias
para cá imediatamente. Não
pretendo voltar a Cuba jamais.
Aqui é um país diferente, democrático, e é onde quero morar com a minha mulher e meus
filhos", declarou Díaz.
O secretário-executivo do
Ministério da Justiça, Luiz
Paulo Teles Barreto, explicou
que, como para sair de Cuba é
necessária autorização do governo de Raúl Castro, o Brasil
não interfere na forma como as
famílias chegarão aqui.
Com relação ao caso do empresário Chong Jin-jeon, Barreto disse que o Conare não encontrou elementos que indicassem perseguição por parte
do governo coreano.
"Entendemos que ele cometeu delito comum, e que deve
ser julgado pela Justiça de seu
país de origem. Além disso, a
Coréia obedeceu a todos os ritos do acordo de extradição e,
em razão desses pressupostos e
que a alegação de delito político
foi aparada e avaliada pelo Supremo Tribunal Federal, o Conare não tinha elemento para
conceder o refúgio", disse.
Jeon pode recorrer desta decisão ao ministro da Justiça,
Tarso Genro, mas Barreto sinalizou que a rejeição ao pedido
do coreano foi unânime.
O Conare irá notificar hoje o
STF de sua decisão. Para que
Jeon seja extraditado, falta ainda que os ministros analisem
um recurso chamado de "embargo declaratório", que impede seu retorno à Coréia.
Jeon foi sócio da Asia Motors
do Brasil e acabou condenado
pela Justiça de seu país a dez
anos de prisão por crimes de
suborno e fraude. O empresário
chegou a ser preso na Coréia,
mas fugiu para cá.
Vivem atualmente no Brasil
como refugiados 3.510 estrangeiros de 50 países diferentes.
Somando os 15 pedidos aceitos
ontem pelo governo, o número
sobe para 3.525.
Texto Anterior: Outro lado: Emediato diz que pediu ajuda sem privilégios Próximo Texto: São Paulo elege hoje novo procurador-geral Índice
|