São Paulo, domingo, 15 de abril de 2007

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Para assessor terceirizado, reconhecimento do trabalho é maior do que para concursado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Aos 24 anos, o assessor administrativo Max Deodato tem sua própria mesa, telefone, computador e as responsabilidades de elaborar relatórios e montar planilhas na Coordenação Geral de Recursos Logísticos do Ministério do Desenvolvimento, em Brasília.
Terceirizado desde setembro de 2005, Deodato tem um perfil que em nada combina com a explicação do governo para o salto na locação de mão-de-obra -a de que estaria arregimentando garçons, seguranças, faxineiros e outros profissionais em funções de apoio.
"Estou bastante satisfeito em ser terceirizado, porque o reconhecimento do trabalho é maior. O concursado fica na mesmice. Se faz o feijão com arroz ou tenta trabalhar direito, ninguém nota a diferença", diz ele, que cursa administração e ganha salário de R$ 1.000. Deodato chegou ao governo por meio da Conservo, uma empresa de recrutamento de mão-de-obra terceirizada de Brasília.
É a empresa que faz a seleção de pessoal. A participação do governo federal no recrutamento do servidor é mínima. "Procuro no edital o que o governo precisa, busco o funcionário, entrevisto e encaminho", diz Vitor Cugolo, presidente da empresa.
Segundo Cugolo, a demanda por terceirizados no governo Lula aumentou em razão dos diversos órgãos que a administração petista criou. A empresa fornece desde secretárias até copeiros.
"O PT aprendeu os benefícios da terceirização sendo governo. Quando você começa a administrar, vira vidraça", afirma Cugolo.
Tamanha desenvoltura das empresas de terceirização incomoda os sindicatos de servidores públicos.
"Tem ministério em que 80% das secretárias são terceirizadas. O governo desrespeita o entendimento já adotado pelo Ministério Público de que serviços que têm características continuadas e permanentes não podem ser terceirizados", diz Ricardo Jacome, secretário-geral do Sindicato dos Servidores Públicos Federais de Brasília. (FZ)


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