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Para assessor terceirizado, reconhecimento do trabalho é maior do que para concursado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Aos 24 anos, o assessor administrativo Max Deodato
tem sua própria mesa, telefone, computador e as responsabilidades de elaborar
relatórios e montar planilhas na Coordenação Geral
de Recursos Logísticos do
Ministério do Desenvolvimento, em Brasília.
Terceirizado desde setembro de 2005, Deodato tem
um perfil que em nada combina com a explicação do governo para o salto na locação
de mão-de-obra -a de que
estaria arregimentando garçons, seguranças, faxineiros
e outros profissionais em
funções de apoio.
"Estou bastante satisfeito
em ser terceirizado, porque
o reconhecimento do trabalho é maior. O concursado fica na mesmice. Se faz o feijão
com arroz ou tenta trabalhar
direito, ninguém nota a diferença", diz ele, que cursa administração e ganha salário
de R$ 1.000. Deodato chegou
ao governo por meio da Conservo, uma empresa de recrutamento de mão-de-obra
terceirizada de Brasília.
É a empresa que faz a seleção de pessoal. A participação do governo federal no recrutamento do servidor é mínima. "Procuro no edital o
que o governo precisa, busco
o funcionário, entrevisto e
encaminho", diz Vitor Cugolo, presidente da empresa.
Segundo Cugolo, a demanda por terceirizados no governo Lula aumentou em razão dos diversos órgãos que a
administração petista criou.
A empresa fornece desde secretárias até copeiros.
"O PT aprendeu os benefícios da terceirização sendo
governo. Quando você começa a administrar, vira vidraça", afirma Cugolo.
Tamanha desenvoltura
das empresas de terceirização incomoda os sindicatos
de servidores públicos.
"Tem ministério em que
80% das secretárias são terceirizadas. O governo desrespeita o entendimento já
adotado pelo Ministério Público de que serviços que têm
características continuadas
e permanentes não podem
ser terceirizados", diz Ricardo Jacome, secretário-geral
do Sindicato dos Servidores
Públicos Federais de Brasília.
(FZ)
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