São Paulo, domingo, 15 de abril de 2007

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Operação da PF contra jogo ilegal apreende R$ 15,7 mi

Dinheiro ficará guardado em depósito judicial na Caixa, no Rio; presos começaram a ser ouvidos ontem em Brasília

O advogado Silvério Cabral Júnior e o desembargador José Eduardo Carreira Alvim pediram no Supremo o relaxamento das prisões

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal apreendeu R$ 15,7 milhões em moeda nacional e estrangeira e cheques ao cumprir 70 mandados de busca de documentos na casa de magistrados, bicheiros, empresários e advogados investigados na Operação Hurricane (furacão, em inglês). O dinheiro ficará em depósito judicial na Caixa Econômica Federal do Rio de Janeiro.
A maior parcela do valor apreendido (R$ 6 milhões) foi encontrada numa parede falsa na casa de Júlio Guimarães Sobreira, sobrinho de Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, contraventor do jogo do bicho que preside a Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio).
Sobreira é apontado como tesoureiro das bancas de bicho atribuídas ao Capitão Guimarães. Tio e sobrinho estão entre os 25 presos na maior operação da PF destinada a apurar desvios praticados pelo Judiciário mediante corrupção, além de corrupção ativa e passiva praticada por empresários, contraventores e servidores.
No cofre que Capitão Guimarães mantém em sua casa, a PF encontrou 27 relógios, a maioria deles da marca Rolex.
Os bens apreendidos mediante ordem do STF (Supremo Tribunal Federal) incluem 51 veículos de luxo. O mais valioso é uma Mercedes modelo CLK, avaliada em cerca de R$ 550 mil. Os carros serão transferidos para Brasília em cinco caminhões "cegonha".
Ao executar 70 mandados de busca e apreensão, a PF conseguiu autorização do STF para buscar eventuais provas de que outras autoridades públicas estariam envolvidas no esquema.
Segundo investigadores ouvidos pela Folha, os documentos poderão levar a novas prisões.
Ontem, delegados do setor de inteligência da PF começaram a ouvir os presos.
O STF confirmou ter recebido ontem pedidos de relaxamento de prisão do advogado Silvério Nery Cabral Júnior e do desembargador federal José Eduardo Carreira Alvim, ex-vice-presidente do TRF da 2ª Região. Não há previsão de quando os pedidos serão analisados.

Manhã tensa
Ubiratan Guedes, que defende o bicheiro Aniz Abrahão David foi o primeiro a chegar à sede da PF na manhã de ontem.
Levou uma mala com roupas e travesseiro para seu cliente. Mas foi impedido de entrar pela segurança, pois os presos pela Operação Hurricane ainda não estavam acomodados em suas celas.
A advogada do bicheiro Antonio Patrus Kalil, o Turcão, Concita Ayres, disse que seu cliente só irá se manifestar em juízo. Ela fez a mesma queixa que os demais advogados que foram à PF ontem: "Não tivemos acesso aos autos [do processo]. Não sabemos quais são as acusações", afirmou. Até o fechamento desta edição, os depoimentos não haviam sido concluídos.


Colaborou VINÍCIUS ABBATE , da Sucursal de Brasília


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