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Operação da PF contra jogo ilegal apreende R$ 15,7 mi
Dinheiro ficará guardado em depósito judicial na Caixa, no Rio; presos começaram a ser ouvidos ontem em Brasília
O advogado Silvério Cabral Júnior e o desembargador José Eduardo Carreira Alvim pediram no Supremo o relaxamento das prisões
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal apreendeu
R$ 15,7 milhões em moeda nacional e estrangeira e cheques
ao cumprir 70 mandados de
busca de documentos na casa
de magistrados, bicheiros, empresários e advogados investigados na Operação Hurricane
(furacão, em inglês). O dinheiro
ficará em depósito judicial na
Caixa Econômica Federal do
Rio de Janeiro.
A maior parcela do valor
apreendido (R$ 6 milhões) foi
encontrada numa parede falsa
na casa de Júlio Guimarães Sobreira, sobrinho de Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, contraventor do jogo
do bicho que preside a Liesa
(Liga Independente das Escolas de Samba do Rio).
Sobreira é apontado como tesoureiro das bancas de bicho
atribuídas ao Capitão Guimarães. Tio e sobrinho estão entre
os 25 presos na maior operação
da PF destinada a apurar desvios praticados pelo Judiciário
mediante corrupção, além de
corrupção ativa e passiva praticada por empresários, contraventores e servidores.
No cofre que Capitão Guimarães mantém em sua casa, a PF
encontrou 27 relógios, a maioria deles da marca Rolex.
Os bens apreendidos mediante ordem do STF (Supremo Tribunal Federal) incluem
51 veículos de luxo. O mais valioso é uma Mercedes modelo
CLK, avaliada em cerca de
R$ 550 mil. Os carros serão
transferidos para Brasília em
cinco caminhões "cegonha".
Ao executar 70 mandados de
busca e apreensão, a PF conseguiu autorização do STF para
buscar eventuais provas de que
outras autoridades públicas estariam envolvidas no esquema.
Segundo investigadores ouvidos pela Folha, os documentos
poderão levar a novas prisões.
Ontem, delegados do setor
de inteligência da PF começaram a ouvir os presos.
O STF confirmou ter recebido ontem pedidos de relaxamento de prisão do advogado
Silvério Nery Cabral Júnior e
do desembargador federal José
Eduardo Carreira Alvim, ex-vice-presidente do TRF da 2ª Região. Não há previsão de quando os pedidos serão analisados.
Manhã tensa
Ubiratan Guedes, que defende o bicheiro Aniz Abrahão David foi o primeiro a chegar à sede da PF na manhã de ontem.
Levou uma mala com roupas e
travesseiro para seu cliente.
Mas foi impedido de entrar pela segurança, pois os presos pela Operação Hurricane ainda
não estavam acomodados em
suas celas.
A advogada do bicheiro Antonio Patrus Kalil, o Turcão,
Concita Ayres, disse que seu
cliente só irá se manifestar em
juízo. Ela fez a mesma queixa
que os demais advogados que
foram à PF ontem: "Não tivemos acesso aos autos [do processo]. Não sabemos quais são
as acusações", afirmou.
Até o fechamento desta edição, os depoimentos não haviam sido concluídos.
Colaborou VINÍCIUS ABBATE , da Sucursal de
Brasília
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