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ANÁLISE
Governo seguiu política errática
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo Lula seguiu uma
política de pessoal errática, deu
força às corporações e tenta
agora, sem aparentar grande
convicção, impor uma regra
draconiana para controlar os
gastos com o funcionalismo.
No início do primeiro mandato, com boa ajuda da alta inflacionária herdada de 2002,
houve o que os petistas chamariam, nos tempos de oposição,
de arrocho salarial. Os reajustes, escassos, perderam para os
preços, e a despesa com os servidores caiu de 5,1% para 4,6%
do Produto Interno Bruto.
Depois, uma combinação de
melhora da economia com piora da política levou o governo a
ceder cada vez mais às pressões
dos sindicatos do funcionalismo, uma das bases do PT.
Essa tendência chegou ao auge no ano eleitoral de 2006,
quando foi promovida uma inédita rodada de reajustes salariais, novos planos de carreira,
aumentos de gratificações e outras vantagens para, virtualmente, todas as carreiras.
As despesas com pessoal tiveram, no ano passado, o maior
aumento desde o Plano Real e
voltaram ao patamar de 5,1%
do PIB -e isso se o PIB crescer
neste ano os 4,5% esperados.
Ainda assim, o funcionalismo nem de longe está pacificado. Servidores andam às voltas
com paralisações e, sintomaticamente, o governo passou a falar em restringir o direito de
greve no serviço público.
Não é difícil entender: há
perspectivas de mais crescimento econômico, as finanças
públicas melhoraram e as corporações são influentes como
nunca no governo. Nesse cenário, soa estranho o projeto da
equipe econômica para limitar
o aumento dos gastos com pessoal nos Três Poderes a 1,5%
acima da inflação até 2016.
Não por acaso, a proposta está parada no Congresso, bombardeada pelo PT e seus aliados
à esquerda. O projeto, diga-se,
não é imprescindível: se o governo quiser mesmo conter a
expansão dos gastos, basta voltar a dizer não aos servidores.
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