São Paulo, domingo, 15 de abril de 2007

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ANÁLISE

Governo seguiu política errática

GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo Lula seguiu uma política de pessoal errática, deu força às corporações e tenta agora, sem aparentar grande convicção, impor uma regra draconiana para controlar os gastos com o funcionalismo.
No início do primeiro mandato, com boa ajuda da alta inflacionária herdada de 2002, houve o que os petistas chamariam, nos tempos de oposição, de arrocho salarial. Os reajustes, escassos, perderam para os preços, e a despesa com os servidores caiu de 5,1% para 4,6% do Produto Interno Bruto.
Depois, uma combinação de melhora da economia com piora da política levou o governo a ceder cada vez mais às pressões dos sindicatos do funcionalismo, uma das bases do PT.
Essa tendência chegou ao auge no ano eleitoral de 2006, quando foi promovida uma inédita rodada de reajustes salariais, novos planos de carreira, aumentos de gratificações e outras vantagens para, virtualmente, todas as carreiras.
As despesas com pessoal tiveram, no ano passado, o maior aumento desde o Plano Real e voltaram ao patamar de 5,1% do PIB -e isso se o PIB crescer neste ano os 4,5% esperados.
Ainda assim, o funcionalismo nem de longe está pacificado. Servidores andam às voltas com paralisações e, sintomaticamente, o governo passou a falar em restringir o direito de greve no serviço público.
Não é difícil entender: há perspectivas de mais crescimento econômico, as finanças públicas melhoraram e as corporações são influentes como nunca no governo. Nesse cenário, soa estranho o projeto da equipe econômica para limitar o aumento dos gastos com pessoal nos Três Poderes a 1,5% acima da inflação até 2016.
Não por acaso, a proposta está parada no Congresso, bombardeada pelo PT e seus aliados à esquerda. O projeto, diga-se, não é imprescindível: se o governo quiser mesmo conter a expansão dos gastos, basta voltar a dizer não aos servidores.


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