São Paulo, domingo, 15 de abril de 2007

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Brasil decide participar do Banco do Sul

Presidente Lula deve assinar um termo de compromisso de adesão ao projeto nesta semana na Venezuela, diz Mantega

Para ministro da Fazenda do Brasil, se instituição vier de fato a ser criada, deve ser eminentemente técnica, sem conotações políticas

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

O Brasil decidiu aderir à criação do chamado Banco do Sul, que ambiciona ser um órgão de fomento a projetos de integração na América Latina, principalmente na área de infra-estrutura.
Depois de reunião de três horas na noite de sexta-feira com representantes de Venezuela, Equador, Bolívia e Argentina, o Brasil se dispôs a participar do projeto. Ele expressava inicialmente uma ação conjunta -e com forte conteúdo político- apenas de venezuelanos e argentinos.
Segundo o ministro Guido Mantega (Fazenda), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve assinar um termo de compromisso de adesão ao projeto nesta semana, durante reunião na Venezuela para tratar de assuntos relacionados a energia.
Mantega afirmou que 12 meses seria um prazo razoável para formar o banco, desde que ele fosse dedicado somente a financiar projetos de infra-estrutura, sem ter um caráter de socorro multilateral, como faz o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Venezuela e Argentina haviam iniciado as conversações sobre o tema com forte viés político. O presidente venezuelano, Hugo Chávez, chegou a falar em constituir um contraponto com o FMI.
Para Mantega, se o banco vier de fato a ser criado, deve ser eminentemente técnico.
"O banco tem de ser técnico e trabalhar igual a outras instituições financeiras. Deve facilitar financiamentos, mas dentro das normas de mercado, com exigência de garantia e princípios muito claros para a alocação de recursos. Os países terão de aprovar os aportes e fiscaliza-los", disse.
Não há nenhuma definição tanto de prazo quanto de como seria calculada a participação dos países envolvidos na instituição. A idéia inicial é que eles tenham igual peso, mas o banco poderá ficar muito pequeno dependendo do capital disponível para a iniciativa pelos países menores.
"Em princípio, cada país coloca o mesmo. Mas, se o Paraguai só tiver US$ 50 milhões (por exemplo), poderia aportar um capital maior depois de um prazo estabelecido", disse Mantega. "Precisamos discutir. Criar um banco já é complicado. Mas criar um banco multilateral é multilateralmente complicado. Deve ser montado aos poucos, mais modestamente e com parcimônia", disse.
Sem dar maiores detalhes, o ministro também afirmou ontem que o governo começará a estudar novas medidas para desonerar custos trabalhistas em áreas mais intensivas de mão-de-obra e afetadas pela valorização do real.


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