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Brasil decide participar do Banco do Sul
Presidente Lula deve assinar um termo de compromisso de adesão ao projeto nesta semana na Venezuela, diz Mantega
Para ministro da Fazenda do Brasil, se instituição vier de fato a ser criada, deve ser eminentemente técnica, sem conotações políticas
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
O Brasil decidiu aderir à criação do chamado Banco do Sul,
que ambiciona ser um órgão de
fomento a projetos de integração na América Latina, principalmente na área de infra-estrutura.
Depois de reunião de três horas na noite de sexta-feira com
representantes de Venezuela,
Equador, Bolívia e Argentina, o
Brasil se dispôs a participar do
projeto. Ele expressava inicialmente uma ação conjunta -e
com forte conteúdo político-
apenas de venezuelanos e argentinos.
Segundo o ministro Guido
Mantega (Fazenda), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
deve assinar um termo de compromisso de adesão ao projeto
nesta semana, durante reunião
na Venezuela para tratar de assuntos relacionados a energia.
Mantega afirmou que 12 meses seria um prazo razoável para formar o banco, desde que
ele fosse dedicado somente a financiar projetos de infra-estrutura, sem ter um caráter de
socorro multilateral, como faz
o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Venezuela e Argentina haviam iniciado as conversações
sobre o tema com forte viés político. O presidente venezuelano, Hugo Chávez, chegou a falar em constituir um contraponto com o FMI.
Para Mantega, se o banco
vier de fato a ser criado, deve
ser eminentemente técnico.
"O banco tem de ser técnico e
trabalhar igual a outras instituições financeiras. Deve facilitar financiamentos, mas dentro
das normas de mercado, com
exigência de garantia e princípios muito claros para a alocação de recursos. Os países terão
de aprovar os aportes e fiscaliza-los", disse.
Não há nenhuma definição
tanto de prazo quanto de como
seria calculada a participação
dos países envolvidos na instituição. A idéia inicial é que eles
tenham igual peso, mas o banco
poderá ficar muito pequeno dependendo do capital disponível
para a iniciativa pelos países
menores.
"Em princípio, cada país coloca o mesmo. Mas, se o Paraguai só tiver US$ 50 milhões
(por exemplo), poderia aportar
um capital maior depois de um
prazo estabelecido", disse
Mantega. "Precisamos discutir.
Criar um banco já é complicado. Mas criar um banco multilateral é multilateralmente
complicado. Deve ser montado
aos poucos, mais modestamente e com parcimônia", disse.
Sem dar maiores detalhes, o
ministro também afirmou ontem que o governo começará a
estudar novas medidas para desonerar custos trabalhistas em
áreas mais intensivas de mão-de-obra e afetadas pela valorização do real.
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