São Paulo, domingo, 15 de abril de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mantega cobra rigor fiscal nas contas do FMI

DO ENVIADO ESPECIAL

Brasil, Argentina e emergentes cobraram ontem do FMI o mesmo rigor fiscal que o órgão exige de seus países-membros.
"O Fundo não fez a lição de casa: o ajuste fiscal que nós fizemos. E está hoje na constrangedora situação de ter de fazê-lo. Perdeu um pouco da moral", afirmou o ministro Guido Mantega ao explicar as críticas formais dirigidas ao Fundo em documento encaminhado a seu comitê financeiro.
Também oficialmente, a ministra da Economia argentina, Felisa Miceli, pediu o "congelamento" dos salários dos funcionários mais graduados do FMI, inclusive do diretor-gerente, Rodrigo de Rato. Ele ganha US$ 391,4 mil por ano (R$ 67 mil por mês). Questionado sobre o tema, Rato disse que seu contrato "está fechado".
"Nos sentimos embaraçados quando, em um contexto de forte queda nas receitas do Fundo, somos chamados a considerar aumentos para seus gerentes e diretores", escreveu Miceli.
No documento do Brasil, Mantega afirmou que "se o Fundo quer estar em posição de recomendar ações a seus membros, dever adotar o mesmo padrão de exigência em suas finanças".
O déficit acumulado do FMI nos primeiros nove meses do atual ano fiscal (que termina em 30 de abril) é de US$ 52,2 milhões, com despesas da ordem de US$ 867,2 milhões. Cerca de dois terços dos gastos são consumidos com salários e benefícios. As despesas anuais com viagens atingem quase US$ 100 milhões.
O Fundo vem operando no vermelho desde que caiu fortemente o número de países em crise que dependiam de seus empréstimos. O FMI recebe menos juros hoje.
Agora, o Fundo estuda vender 12,5% de suas reservas em ouro e aplicar o dinheiro no mercado para elevar as receitas. Mantega defendeu a medida, mas afirmou que ela deveria servir para que o FMI deixe de cobrar custos "injustos" em seus empréstimos a países em crise.
Argentina e Brasil também criticaram uma idéia do Fundo de passar a cobrar pela chamada TA ("technical assistence") dada a seus países-membros que precisem de consultoria.
Mantega se disse "insatisfeito" com as conversas. "Certos assuntos, como cotas, vêm sendo discutidos há uma década. Não saímos do lugar. Há um grupo de países que cresceu menos do que os emergentes e quer manter uma importância e participação de 50 anos atrás". (FCZ)


Texto Anterior: Brasil decide participar do Banco do Sul
Próximo Texto: Reeleição ganhou força na América Latina em 92
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.