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Mantega cobra
rigor fiscal nas contas do FMI
DO ENVIADO ESPECIAL
Brasil, Argentina e
emergentes cobraram ontem do FMI o mesmo rigor fiscal que o órgão exige
de seus países-membros.
"O Fundo não fez a lição
de casa: o ajuste fiscal que
nós fizemos. E está hoje na
constrangedora situação
de ter de fazê-lo. Perdeu
um pouco da moral", afirmou o ministro Guido
Mantega ao explicar as críticas formais dirigidas ao
Fundo em documento encaminhado a seu comitê
financeiro.
Também oficialmente, a
ministra da Economia argentina, Felisa Miceli, pediu o "congelamento" dos
salários dos funcionários
mais graduados do FMI,
inclusive do diretor-gerente, Rodrigo de Rato. Ele
ganha US$ 391,4 mil por
ano (R$ 67 mil por mês).
Questionado sobre o tema,
Rato disse que seu contrato "está fechado".
"Nos sentimos embaraçados quando, em um contexto de forte queda nas
receitas do Fundo, somos
chamados a considerar aumentos para seus gerentes
e diretores", escreveu Miceli.
No documento do Brasil, Mantega afirmou que
"se o Fundo quer estar em
posição de recomendar
ações a seus membros, dever adotar o mesmo padrão de exigência em suas
finanças".
O déficit acumulado do
FMI nos primeiros nove
meses do atual ano fiscal
(que termina em 30 de
abril) é de US$ 52,2 milhões, com despesas da ordem de US$ 867,2 milhões. Cerca de dois terços
dos gastos são consumidos
com salários e benefícios.
As despesas anuais com
viagens atingem quase
US$ 100 milhões.
O Fundo vem operando
no vermelho desde que
caiu fortemente o número
de países em crise que dependiam de seus empréstimos. O FMI recebe menos juros hoje.
Agora, o Fundo estuda
vender 12,5% de suas reservas em ouro e aplicar o
dinheiro no mercado para
elevar as receitas. Mantega defendeu a medida, mas
afirmou que ela deveria
servir para que o FMI deixe de cobrar custos "injustos" em seus empréstimos
a países em crise.
Argentina e Brasil também criticaram uma idéia
do Fundo de passar a cobrar pela chamada TA
("technical assistence")
dada a seus países-membros que precisem de consultoria.
Mantega se disse "insatisfeito" com as conversas.
"Certos assuntos, como
cotas, vêm sendo discutidos há uma década. Não
saímos do lugar. Há um
grupo de países que cresceu menos do que os
emergentes e quer manter
uma importância e participação de 50 anos
atrás".
(FCZ)
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