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Ala majoritária do PT é super-representada no ministério de Lula
Tendência de José Dirceu, Palocci e Berzoini tem 42% do Diretório Nacional do partido, mas 56,25% das pastas da sigla
Tendências da esquerda da legenda têm tamanho similar, mas comandam apenas dois ministérios
com menor visibilidade
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ala de José Dirceu, Ricardo
Berzoini e Antonio Palocci Filho, há 12 anos no comando do
PT e protagonista de seus
maiores escândalos, voltou a
ser desproporcionalmente privilegiada pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva na montagem do ministério.
Conhecida como Campo Majoritário, a tendência detém
42% do Diretório Nacional petista, mas foi contemplada com
56,25% das pastas destinadas
ao partido (9 entre 16). Antes da
reforma, o Campo tinha 47,1%
dos ministérios.
A presença seria ainda maior
se não tivesse havido uma dissidência capitaneada pelo ministro da Justiça, Tarso Genro. Insatisfeito com o domínio de
Dirceu sobre o grupo, ele está
criando um novo grupo para
disputar o comando do partido.
Não é apenas numérica a força do Campo Majoritário. Pertencem à ala alguns dos ministros mais próximos de Lula, como Luiz Dulci (Secretaria Geral), Luiz Marinho (Previdência), Marta Suplicy (Turismo) e
Patrus Ananias (Desenvolvimento Social).
A esquerda do partido, apesar de ter 38,7% (praticamente
o mesmo tamanho do Campo),
novamente ficou subrepresentada, com dois ministérios
marginais: Desenvolvimento
Agrário e Pesca. Equivalem a
12,5% das pastas petistas.
Já o Movimento PT, tendência considerada centrista, não
recebeu nenhum cargo no primeiro escalão, mesmo tendo
11,5% do diretório nacional.
"É interessante perceber que
o Lula fez um esforço para contemplar as diversas alas do
PMDB, mas não fez o mesmo
com seu próprio partido", reclama Romênio Pereira, coordenador do Movimento PT.
Embora expressiva, a presença do Campo Majoritário no
primeiro escalão já não é esmagadora como no começo do governo Lula -reflexo da lenta
"despetização" do ministério.
Em 2003, na primeira equipe
de Lula, 14 dos 21 petistas eram
da ala majoritária (66,67%).
Todos os postos-chave da administração estavam com a
tendência: Dirceu na Casa Civil, Palocci na Fazenda, Luiz
Gushiken na Secretaria de Comunicação e Berzoini na Previdência, entre outros.
O Campo Majoritário é uma
criação de Dirceu quando presidia o PT, no fim dos anos 90.
Reunia a tendência Articulação
(à qual pertencia Lula) e outros
grupos menores de linha "moderada", em um guarda-chuva
com o objetivo declarado de
isolar os grupos "radicais". Seu
auge foi entre 2001 e 2005,
quando tinha 55% do partido e
podia ignorar os outros grupos.
Desde então, o Campo vem
se enfraquecendo por conta de
escândalos e rachas -a última
dissidência foi promovida por
Tarso, no ano passado.
O próprio termo Campo Majoritário vem perdendo força.
Alguns membros agora adotam
o nome CNB (Construindo um
Novo Brasil), título do último
documento que a ala divulgou.
Independente do nome, o
Campo ainda é de longe a ala
mais influente no partido. Sua
força freqüentemente provoca
ciumeira e críticas entre facções rivais, que demandam
mais espaço.
Em artigo no final do ano
passado, líderes da tendência
Articulação de Esquerda pediram "que o conjunto do Partido
dos Trabalhadores esteja representado na composição do
primeiro escalão do governo".
Prestigiado mais uma vez por
Lula, o Campo Majoritário dá
de ombros para as queixas. "O
sistema é presidencialista.
Quem tem reclamações a fazer
deve se dirigir ao presidente
Lula", diz Francisco Rocha, um
dos coordenadores nacionais
da tendência.
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