São Paulo, quarta, 15 de abril de 1998

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Painel

Auxiliar insubstituível

FHC está muito abatido com o estado de saúde de Serjão, seu melhor amigo. Além do motivo afetivo, há um político. Como a reeleição parece garantida, o ministro seria seu principal guerreiro na luta com PFL, PMDB e PPB por espaço em 1999.


Momento crítico

FHC estava inconsolável anteontem de manhã. Na noite anterior, domingo, foi avisado de que o estado de saúde de Serjão era muito grave. Ele tinha só 4% de capacidade pulmonar. Apesar do índice ter subido ontem para 35%, o presidente continuava a demonstrar apreensão.


Segurou o quanto pode

Auxiliares de FHC, preocupados, já cogitavam há algum tempo substituir Serjão, incentivando-o a se licenciar para tratar da saúde. Mas, somente após o susto de domingo à noite, o presidente decidiu dar a Juarez Quadros e a Luiz Carlos Mendonça de Barros atribuições do ministro e amigo doente.


PSDB desorientado 1

Para a cúpula tucana, Serjão é insubstituível porque não há ninguém no PSDB que tenha a excelente interlocução com FHC e com o partido que ele tem. Tasso e Covas são íntimos do presidente, mas não como o ministro. E estarão em campanha.


PSDB desorientado 2

Serra tem ótima relação com FHC, mas encontra resistência em setores do partido. Pimenta da Veiga, candidato a deputado em Minas, eventualmente pode vir a desempenhar parte desse papel. Também se dá bem com o presidente, mas não desfruta da mesma intimidade que Serjão.


Outro lado

O secretário-executivo Pedro Parente (Fazenda) nega ter derrubado José Roberto Mendonça de Barros da Secretaria de Política Econômica: "Isso nunca existiu e admiro o trabalho dele". Hoje, Barros está na Câmara de Comércio Exterior, no Planalto.


Freio de arrumação
O Planalto reavalia a transferência imediata do casal canadense que sequestrou Abílio Diniz. Teme que a decisão reative o lobby pela redução de penas dos crimes hediondos. ACM já brecou uma tentativa no Senado.


Sentiu o golpe

Maluf entrou com ação na Justiça Eleitoral contra a propaganda de Francisco Rossi (PDT) que mostra o pepebista, em 96, dizendo que a população nunca deveria votar nele se Pitta fosse um mau prefeito de São Paulo.


Mordomo errado

A Assessoria de Orçamento da Câmara descobriu, na nota divulgada pelo Tesouro na semana passada, que R$ 4,1 bi que eram contados como dívida de Estados e municípios são de fato da União. O estudo foi feito a pedido de Paulo Bernardo (PT-PR).


Culpa menor

Segundo a nota do governo de terça passada, o Tesouro superestimou em R$ 305 mi o rombo da Previdência. Em fevereiro, a Fazenda culpou as contas previdenciárias, ao lado de Estados e municípios, pelo déficit de 97.


Tá difícil

Presidente da Câmara, Michel Temer está jogando pesado para convencer os líderes governistas a cassar Sérgio Naya. Inocêncio (PFL), Geddel (PMDB) e Odelmo (PPB) precisam se empenhar mais para a articulação ter sucesso. São precisos 257 votos.


Na mão dos governistas

Se os líderes de FHC se empenharem, Naya deverá ser cassado por cerca de 300 votos. Avalia-se ser necessário quórum de 450 deputados. A oposição deve dar quase 100 votos. A base do governo (PSDB, PFL, PMDB, PPB e PTB), que tem cerca de 400, só precisa entrar com 157.



Vale tudo

Além de pedir que os deputados faltem à votação da sua cassação, Sérgio Naya está fazendo apelos emocionais. Na frente de dois deputados, ameaçou se suicidar se perder o mandato.


Visita à Folha

O presidente do BankBoston, Geraldo Carbone, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado da assessora de imprensa, Sarah Cristina Coelho.

TIROTEIO

Do presidente da Câmara, Michel Temer, sobre a votação da cassação do mandato de Sérgio Naya, marcada para hoje:
- Cumpri meu dever como presidente da Casa. Pedi uma rápida apuração e encaminhei o assunto para a Comissão de Constituição e Justiça. Agora, a decisão cabe ao plenário.

CONTRAPONTO
Sinceridade demais
Gilberto Mestrinho (AM) foi um dos noves governadores eleitos pelo PMDB, então na oposição ao regime militar, nas eleições de 82. Logo que assumiu, recebeu prefeitos do PDS que queriam entrar no PMDB e continuar a ser governo.
Um deles foi Francisco Amâncio, de Jupurá. Assim que entrou no gabinete, Mestrinho cobrou:
- Como você fez isso comigo? Só tive um voto na sua cidade?
- É verdade. E foi da minha irmã, que disse que, se o voto dela não aparecesse, ia pôr a boca no mundo. Mas isso passou. O importante é que estou aqui - explicou-se Amâncio.
Depois, foi a vez de Antonio Matias, de Juruá.
- Você não me deu colher de chá! Só tive três votos na sua cidade - cobrou Mestrinho.
- É governador. O problema é que lá a gente faz a votação com 12 dias de antecedência para mandar as urnas para Manaus de barco. Quando a gente soube que o sr. ia ganhar já era tarde.



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