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MARANHÃO
Religioso é acusado de desviar verba
Padre-prefeito tem
mandato cassado
DÉCIO SÁ
da Agência Folha, em São Luís
A Câmara Municipal de Bom Jesus das Selvas (MA) cassou na madrugada de ontem o mandato do
prefeito da cidade, padre José de
Ribamar Moraes Filho (PMDB),
que tem uma mãe-de-santo como
chefe de gabinete.
Moraes Filho é acusado de desvio de verba pública, aquisição de
imóveis e veículos sem licitação e
criação de órgãos sem autorização
da Câmara.
Entre esses órgãos, está a "delegacia do fuxico", que prevê prisão
e multa de R$ 1.000 para quem falasse mal dele.
Anteontem, cerca de 50 índios
guajajaras da aldeia Canudal, supostamente arregimentados pelo
padre-prefeito, destruíram parte
do prédio da Câmara, queimaram
móveis, eletrodomésticos e documentos da Casa.
O vice-prefeito, pastor da Assembléia de Deus, Pedro Fernandes da Silva (PMDB), 61, foi empossado no cargo de prefeito logo
após a sessão. Seis dos sete vereadores que votaram a favor da cassação são do PMDB.
O primeiro ato do novo prefeito
foi enviar ofícios aos bancos para
evitar que o prefeito cassado fizesse saques nas contas da prefeitura.
A Agência Folha tentou ontem
localizar o ex-prefeito, mas não há
telefone no recém-criado município de Bom Jesus das Selvas.
Até o final da tarde de ontem, a
situação estava calma no município (cerca de 400 km a sudoeste de
São Luís).
A superintendência da Polícia
Federal no Maranhão disse que o
caso dos índios está fora de sua
competência. A Polícia Militar enviou 65 soldados à cidade para garantir que o novo prefeito assumisse a sede da prefeitura, o que
aconteceu no final da tarde.
A Funai de Imperatriz (MA) informou que "os guajajaras estão
sendo influenciados por alguém".
A reportagem da Agência Folha
não conseguiu falar com o bispo
da Diocese de Viana (MA), a quem
o padre Moraes Filho é ligado. O
arcebispo de São Luís, dom Paulo
Ponte, não quis comentar o caso.
O presidente do PMDB no Estado, Remi Ribeiro, 53, disse que
"esse é mais um problema político
do que administrativo".
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