São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 2002

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CONGRESSO

Governo ameaça cortes em ministérios para repor perdas

Senadores pefelistas vão ajudar a reduzir prazo para votar a CPMF

DENISE MADUEÑO
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PFL do Senado concordou ontem com a realização de sessões extras para encurtar o prazo de votação da emenda que prorroga a CPMF (imposto do cheque), o que pode possibilitar sua aprovação final, em segundo turno, até 15 de junho. A decisão foi aprovada por unanimidade em reunião da bancada ontem. O líder do PFL, José Agripino (RN), negou que o partido tenha mudado de posição. Disse que o PFL continua contra o corte de prazos previstos. "Sabemos que, se a emenda não for aprovada até 15 de junho, não terá eficácia."
O presidente do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), anunciou a convocação de sessões extras para apressar a votação. Pelos prazos normais, a tramitação demoraria cerca de dois meses no Senado.
O relator, senador Bernardo Cabral (PFL-AM), vai apresentar parecer favorável no dia 22, antecipando seu prazo em uma semana na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), etapa preliminar da votação. Ele se manteve irredutível às pressões do governo para apressar mais o parecer. Caso o parecer seja aprovado na CCJ no dia 22, por acordo de líderes seria possível realizar os dois turnos no plenário em até duas semanas.
O presidente Fernando Henrique Cardoso comandou a operação de convencimento do PFL. No fim de semana ele telefonou para o presidente em exercício do PFL, senador José Jorge (PE), reforçando apelo já feito nos últimos dias pelos ministros Euclides Scalco (Secretaria Geral) e Pedro Parente (Casa Civil).
Ontem, o governo fez questão de avisar aos líderes partidários que anunciaria retenção de 25% dos gastos dos ministérios e aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para compensar a perda de arrecadação com o atraso da CPMF.
As pressões do próprio PFL sobre senadores do partido que resistiam à redução de prazos intensificaram, após o anúncio dos cortes. O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), foi ao plenário pedir a conclusão rápida da votação da CPMF. Se a CPMF for aprovada até 20 de junho, a perda de receita prevista pelo governo é de R$ 4,9 bilhões.


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