São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 2002

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DATAFOLHA

Petista atinge 43%, seu maior índice na campanha; candidato tucano, Garotinho e Ciro estão em empate técnico

Lula cresce 11 pontos, e Serra perde 5

DA REPORTAGEM LOCAL

O pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, cresceu 11 pontos percentuais, e o tucano José Serra caiu cinco pontos na disputa presidencial, revela pesquisa Datafolha realizada ontem.
Lula saltou de 32% para 43% em 35 dias, e Serra passou de 22% para 17%. Lula obtém sua maior vantagem na sucessão, com 26 pontos à frente dos demais.
Anthony Garotinho (PSB) oscilou um ponto negativamente, ficando com 15%. Ciro Gomes (PPS) oscilou um ponto positivamente, obtendo 14%.
Como a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, Serra pode ter entre 15% e 19%, Garotinho entre 13% e 17%, e Ciro, entre 12% e 16%. Assim, há um triplo empate técnico na segunda colocação, o que não ocorria desde fevereiro no cenário com esses candidatos.
O crescimento de Lula pode ser creditado, ao menos parcialmente, ao programa de televisão do PT -transmitido em cadeia nacional de rádio e televisão na quinta-feira passada-, emocional e direcionado às mulheres.
A opção por Lula no eleitorado feminino cresceu 14 pontos desde 9 de abril, passando de 25% para 39%. Entre os homens, Lula subiu oito, indo de 39% para 47%.
Outro destaque da subida de Lula é sua intenção de voto no Sul do país, onde cresceu 21 pontos. Foi na região Sudeste que o petista teve a subida mais tímida, no entanto, bastante expressiva, de oito pontos. Entre os eleitores que ganham mais de R$ 2.000, o pré-candidato do PT obteve um crescimento de 17 pontos, o maior de todas as faixas de renda.
Lula também registrou o maior crescimento até aqui do chamado voto espontâneo, em que o pesquisador pergunta em quem o eleitor pretende votar sem mostrar uma lista de candidatos. Em abril, tinha 18% e saltou agora para 27%. Os demais candidatos oscilaram dentro da margem de erro, com Serra ficando com 6%, Garotinho, 6%, e Ciro, 5%. Esse percentual é importante porque mede um tipo de voto que, em tese, tem menor probabilidade de ser alterado.
A rejeição do petista -número de eleitores que disseram que não votariam nele de maneira alguma- caiu de 31% para 27%. A de Serra subiu de 18% para 23%, e a de Garotinho, de 17% para 23%. A de Ciro oscilou de 15% para 17%.
A subida de Lula pode ser explicada por duas outras questões feitas aos eleitores: 70% dos entrevistados querem que as ações do próximo presidente sejam diferentes das de Fernando Henrique Cardoso, e 50% querem um presidente de oposição ao tucano -19% afirmam que querem um presidente com ações semelhantes às de FHC, e 34% defendem um candidato que apóie o presidente.
A queda de Serra é maior no eleitorado acima de 60 anos, chegando a 11 pontos -faixa na qual Lula cresceu 18 pontos- e entre os que têm renda maior que R$ 2.000, menos oito pontos.
O tucano caiu ainda dez pontos no Norte/Centro-Oeste e sete pontos no Nordeste, de onde pretende escolher seu candidato a vice-presidente.
Se tomados apenas os chamados votos válidos -ou seja, sem incluir os brancos e nulos- e calculando que os 4% que se disseram indecisos se distribuam proporcionalmente àqueles que têm candidato, Lula atinge 47%, estando a três pontos de ultrapassar os 50% dos votos válidos, o que encerraria a disputa já no primeiro turno.
O Datafolha ouviu 3.410 eleitores em 153 municípios de todas as unidades da Federação.
Nos 35 dias que separam a pesquisa Datafolha de 9 de abril para a de ontem, houve fatos políticos e econômicos importantes. Para o quadro eleitoral, o principal deles foi a formalização, em 13 de abril, da renúncia de Roseana Sarney (PFL) à sua pré-candidatura, atingida por envolvimento em acusações de irregularidades em empréstimos da Sudene.
Houve notícias negativas para os quatro principais candidatos nesse período. A candidatura Lula sofreu pressão de bancos de investimento internacionais que recomendaram cautela em relação ao Brasil, em razão de fragilidades na situação econômica do país e da ascensão do petista.
O petista ainda cometeu seu maior deslize até aqui ao citar a possibilidade de criação de uma alíquota de 50% para o Imposto de Renda de Pessoa Física, idéia que foi rechaçada pelos próprios economistas do partido.
Lula enfrentou ainda dois desgastes internacionais: o primeiro foi o golpe e contragolpe, entre 12 e 15 de abril, na Venezuela, onde Lula mantém boas relações com o presidente Hugo Chávez; o segundo foi a derrota do socialista francês Lionel Jospin na eleição presidencial francesa em 21 de abril, campanha da qual o petista participou diretamente.
Desde a última pesquisa, José Serra enfrentou sua maior turbulência política. Reportagens sobre suposto pedido de cobrança de propina de Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-arrecadador de fundos para campanhas de Serra, ao empresário Benjamin Steinbruch na formação de consórcios na privatização da Vale do Rio Doce.


Colaborou RENATO FRANZINI, da Redação



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