São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 2002

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DATAFOLHA

33% afirmam que o presidente tem "muita responsabilidade" por essas ocorrências; só 13% acham que FHC não tem culpa

69% vêem corrupção no governo FHC

DA REPORTAGEM LOCAL

Pesquisa Datafolha realizada ontem revela que 69% dos entrevistados acreditam na existência de casos de corrupção no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Desse total, 33% afirmam que FHC tem ""muita responsabilidade" por essas ocorrências, e 51%, que tem ""um pouco de responsabilidade".
Somente 13% não atribuem ao presidente culpa pelos episódios envolvendo corrupção -3% não souberam responder.
O levantamento foi realizado dez dias após a divulgação de denúncias sobre uma suposta tentativa de cobrança de propina durante o processo de privatização da Vale do Rio Doce, realizado em 1997. O caso teria sido levado ao presidente sem que nenhuma providência tenha sido tomada.
A informação sobre o suposto achaque teria partido do empresário Benjamin Steinbruch, líder do consórcio comprador da empresa, que transmitiu a denúncia ao ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros (Comunicações) e ao ministro Paulo Renato (Educação), conforme ambos admitiram à Folha.
Segundo Mendonça de Barros, a suposta cobrança foi levada ao presidente em 1998. FHC, segundo assessores, teria dito não se lembrar da conversa.
De acordo com o levantamento, apenas 14% dos entrevistados afirmaram não existir casos de corrupção no governo, enquanto 17% não souberam responder.
Entre os 49% que acreditam que FHC tomou conhecimento da denúncia, 85% opinaram que o presidente agiu ""mal" ao não comunicar o problema à Justiça. Para 12%, ele agiu ""bem", já que não havia provas a respeito do suposto pedido de propina.
Do total de 3.410 entrevistados, 20% disseram acreditar que Fernando Henrique não soube do suposto achaque, e 31% não souberam responder.
O pivô da denúncia foi o empresário Ricardo Sérgio de Oliveira, responsável pela arrecadação de fundos de campanha do atual presidenciável tucano, José Serra. Diretor do Banco do Brasil à época da privatização, teria cobrado R$ 15 milhões -ou US$ 15 milhões, conforme a versão- para organizar o consórcio vencedor.

Serra
Em relação a FHC, é menor, entretanto, o percentual dos entrevistados que diz acreditar que Serra tenha sabido sobre o suposto pedido de propina. Do total de pesquisados, 40% afirmaram acreditar que o presidenciável tucano soube do caso, contra 20% que disseram que ele não tomou conhecimento do episódio e 40% que não souberam responder.
Entre os 44% que afirmaram acreditar que Ricardo Sérgio tenha solicitado a suposta propina, 38% declaram que o dinheiro teria sido pedido para fins pessoais e 35%, para o financiamento de campanhas de candidatos do PSDB. Na avaliação de 18%, os recursos seriam usados com outros objetivos. Outros 8% não souberam responder.
Do total de entrevistados, 53% disseram ter tomado conhecimento sobre as denúncias. Desse percentual, 8% disseram estar bem informados sobre o caso, 30%, mais ou menos informados, 15%, mal informados, e 1% não soube responder. Já 46% dos pesquisados declararam desconhecer o episódio.
A revelação do caso provocou uma nova crise na campanha de Serra. Além da tentativa de criação de uma CPI para investigar a denúncia, o tucano teve também de enfrentar novo pedido do PFL para que ele fosse trocado na disputa pelo Palácio do Planalto.


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