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Na véspera do Real, vantagem de Lula era semelhante
DA REPORTAGEM LOCAL
Em pesquisa Datafolha realizada nos dias 2 e 3 de maio de 1994,
Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
vencia o então candidato tucano,
Fernando Henrique Cardoso, por
42% a 16%, distância próxima à
que mantém hoje de José Serra.
Em pesquisa dos dias 29 e 30 de
abril de 1998, FHC batia Lula por
41% a 24%, diferença que se reduziria para 34% a 30%, no levantamento de 27 e 28 de maio daquele
ano.
Haveria um vento favorável ao
petista em maio? "Pura coincidência. Cada eleição é diferente e
tem a sua característica própria.
Pesquisa é um fotograma dessa
história. Qualquer previsão que se
faça a partir daí é pura especulação irresponsável. Não há essa
previsibilidade em eleição", afirma Mauro Francisco Paulino, 41,
diretor-geral do Datafolha.
"Uma característica importante
desta eleição é a antecipação da
campanha pela TV, desde o lançamento de Roseana Sarney
(PFL) no ano passado. Isso não
ocorreu nas eleições de 94 e 98. A
TV está tendo efeito direto no
eleitorado. Mas é uma intenção de
voto volátil, como mostrou o caso
da própria Roseana. O efeito é rápido, mas não é uma intenção
cristalizada", analisa Mauro Paulino.
A cinco meses da eleição de
1994, Lula tinha 26 pontos de vantagem sobre FHC. Começou a patinar no final de junho, às vésperas da implantação do Real. Caiu
durante dois meses -foi de 41%
para 22%, queda de 19 pontos. Em
agosto, com o horário gratuito no
ar, manteve-se entre 21% e 23%.
FHC começou a crescer a cinco
meses da eleição e o fez por quatro
meses seguidos, indo de 16% a
45%, só crescendo três pontos na
reta final, na propaganda eleitoral. Ou seja, o horário gratuito naquele ano não influiu muito na
mudança de um quadro desenhado a partir do Plano Real.
FHC ultrapassou Lula na segunda semana de agosto (36% a
29%). Mas, no final de julho de
1994, já havia superado Lula entre
os eleitores de nível universitário
(39% a 33%) e entre os de renda
acima de dez salários mínimos
(39% a 30%).
FHC tinha então a seu favor as
mudanças provocadas pelo Plano
Real. No dia 1º de julho de 1994,
começou a circular o real, com a
troca de todo o papel-moeda em
circulação.
FHC ultrapassou Lula antes do
início do horário eleitoral gratuito
na televisão, costumeiramente
colocado como divisor de águas
em uma campanha.
1998
Na campanha de 1998, a definição também ocorreu fora do período do horário eleitoral gratuito. FHC estava 16 pontos à frente
de Lula a sete meses da eleição
(41% a 25%). Perdeu 8 pontos em
dois meses (maio e junho). Cresceu 19 pontos a partir de julho,
mantendo-se em linha ascendente até a véspera do pleito, quando
atingiu 49% dos votos.
Lula teve apenas dois meses de
período de crescimento, em maio
e junho, quando subiu seis pontos. Era o início do tormento cambial que culminaria com a desvalorização do real, em janeiro de
1999. A seca que atingiu o Nordeste naquele período, com saques
de famélicos a supermercados,
desgastou o governo.
Mas Lula voltou a cair quatro
pontos até a eleição, na qual chegou com 26%. FHC foi eleito no
primeiro turno, na mais tranquila
das três corridas presidenciais
desde o fim do regime militar.
1989
Em 1989, a cinco meses da eleição Fernando Collor já liderava,
segundo o Datafolha, e acumulava 31 pontos de vantagem. Só começou a cair a dois meses da eleição, perdendo 14 pontos até o dia
do pleito, mas terminou o primeiro turno ainda à frente -28,5%
contra 16,1% de Lula e 15,5% de
Leonel Brizola (PDT), segundo a
contabilização final de votos válidos pelo TSE.
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