São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 2002

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Na véspera do Real, vantagem de Lula era semelhante

DA REPORTAGEM LOCAL

Em pesquisa Datafolha realizada nos dias 2 e 3 de maio de 1994, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencia o então candidato tucano, Fernando Henrique Cardoso, por 42% a 16%, distância próxima à que mantém hoje de José Serra. Em pesquisa dos dias 29 e 30 de abril de 1998, FHC batia Lula por 41% a 24%, diferença que se reduziria para 34% a 30%, no levantamento de 27 e 28 de maio daquele ano.
Haveria um vento favorável ao petista em maio? "Pura coincidência. Cada eleição é diferente e tem a sua característica própria. Pesquisa é um fotograma dessa história. Qualquer previsão que se faça a partir daí é pura especulação irresponsável. Não há essa previsibilidade em eleição", afirma Mauro Francisco Paulino, 41, diretor-geral do Datafolha.
"Uma característica importante desta eleição é a antecipação da campanha pela TV, desde o lançamento de Roseana Sarney (PFL) no ano passado. Isso não ocorreu nas eleições de 94 e 98. A TV está tendo efeito direto no eleitorado. Mas é uma intenção de voto volátil, como mostrou o caso da própria Roseana. O efeito é rápido, mas não é uma intenção cristalizada", analisa Mauro Paulino.
A cinco meses da eleição de 1994, Lula tinha 26 pontos de vantagem sobre FHC. Começou a patinar no final de junho, às vésperas da implantação do Real. Caiu durante dois meses -foi de 41% para 22%, queda de 19 pontos. Em agosto, com o horário gratuito no ar, manteve-se entre 21% e 23%.
FHC começou a crescer a cinco meses da eleição e o fez por quatro meses seguidos, indo de 16% a 45%, só crescendo três pontos na reta final, na propaganda eleitoral. Ou seja, o horário gratuito naquele ano não influiu muito na mudança de um quadro desenhado a partir do Plano Real.
FHC ultrapassou Lula na segunda semana de agosto (36% a 29%). Mas, no final de julho de 1994, já havia superado Lula entre os eleitores de nível universitário (39% a 33%) e entre os de renda acima de dez salários mínimos (39% a 30%).
FHC tinha então a seu favor as mudanças provocadas pelo Plano Real. No dia 1º de julho de 1994, começou a circular o real, com a troca de todo o papel-moeda em circulação.
FHC ultrapassou Lula antes do início do horário eleitoral gratuito na televisão, costumeiramente colocado como divisor de águas em uma campanha.

1998
Na campanha de 1998, a definição também ocorreu fora do período do horário eleitoral gratuito. FHC estava 16 pontos à frente de Lula a sete meses da eleição (41% a 25%). Perdeu 8 pontos em dois meses (maio e junho). Cresceu 19 pontos a partir de julho, mantendo-se em linha ascendente até a véspera do pleito, quando atingiu 49% dos votos.
Lula teve apenas dois meses de período de crescimento, em maio e junho, quando subiu seis pontos. Era o início do tormento cambial que culminaria com a desvalorização do real, em janeiro de 1999. A seca que atingiu o Nordeste naquele período, com saques de famélicos a supermercados, desgastou o governo.
Mas Lula voltou a cair quatro pontos até a eleição, na qual chegou com 26%. FHC foi eleito no primeiro turno, na mais tranquila das três corridas presidenciais desde o fim do regime militar.

1989
Em 1989, a cinco meses da eleição Fernando Collor já liderava, segundo o Datafolha, e acumulava 31 pontos de vantagem. Só começou a cair a dois meses da eleição, perdendo 14 pontos até o dia do pleito, mas terminou o primeiro turno ainda à frente -28,5% contra 16,1% de Lula e 15,5% de Leonel Brizola (PDT), segundo a contabilização final de votos válidos pelo TSE.



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