São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 2002

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Empresário foi conselheiro de banco estatal

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O empresário espanhol naturalizado brasileiro Gregorio Marin Preciado tem relação com tucanos paulistas desde o início dos anos 80, pelo menos.
Em 1983, com a posse de Franco Montoro (então no PMDB, e, depois, fundador do PSDB) no governo de São Paulo, Gregorio Marin ganhou posição de destaque: foi nomeado membro do Conselho de Administração do Banespa, então banco estatal paulista.
Segundo a Folha apurou, a nomeação de Gregorio Marin foi realizada com apoio de José Serra, então secretário do Planejamento de Montoro. O empresário é casado com Vicencia, que é prima de Serra.
Á época, Serra e o marido de sua prima mantinham em sociedade um terreno no Morumbi, bairro nobre de São Paulo. O terreno foi vendido por ambos em 25 de abril de 1995. Em 15 de maio, o Banco do Brasil recebeu uma resposta de um cartório dizendo que até aquela data o terreno estava disponível para um eventual arresto. O banco estatal tentava recuperar na Justiça dívidas não pagas de Gregorio Marin.
O economista Luiz Carlos Bresser Pereira foi presidente do Banespa no primeiro ano do mandato de Franco Montoro. Procurado ontem pela Folha, disse não se lembrar de Gregorio Marin no Conselho de Administração do Banespa.
Informado de que o jornal tinha cópia dos balancetes do Banespa, e de que o nome de Gregorio Marin aparecia de 83 a 87 nos documentos, Bresser disse: "Talvez ele pudesse não participar muito das reuniões. O Serra nunca me falou de nenhum primo dele, mas o Montoro pode ter indicado".
Segundo Bresser, o Conselho de Administração "não fazia muita coisa". Ele afirma que "era uma honra para alguém ser membro do conselho, pois podia colocar no currículo e no cartão de visitas". Os conselheiros ganhavam "uma pequena "fee" [pagamento], mas nada que fosse muito relevante", disse o ex-presidente do Banespa.

Serra
José Serra disse, por meio de sua assessoria, que Gregorio Marin "participou ativamente" da campanha de Montoro ao governo paulista, em 82. Por essa razão, como se tratava de um "empresário bem-sucedido", Montoro teria decidido indicá-lo para o conselho de uma empresa estatal. O senador apoiou a indicação.
Serra pediu que fosse registrado que ele "não consegue perceber o interesse público" nesse assunto.


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