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MÁFIA DOS SANGUESSUGAS
Ex-assessora Maria da Penha continua detida porque acordo de delação premiada não foi fechado
Juiz decide manter 44 acusados na prisão
JOSÉ MASCHIO
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
O juiz da 2ª Vara Federal de
Cuiabá, Jeferson Schneider, decretou na noite de sábado a prisão
preventiva de 44 acusados de pertencer à quadrilha do esquema de
compra de ambulâncias superfaturadas. Eles estavam desde o dia
4 cumprindo prisão temporária.
Segundo o Ministério Público Federal, o esquema lesou os cofres
públicos em mais de R$ 110 milhões entre 2001 e 2005.
Entre os que permanecem presos está a ex-assessora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino, 52, que apontou numa lista 81
parlamentares suspeitos de receber propina para apresentar
emendas ao Orçamento destinadas à compra das ambulâncias.
Responsável pela investigação,
o delegado Tardelli Cerqueira
Boaventura disse que, por enquanto, não houve acordo de delação premiada para Maria da Penha, como havia pedido o advogado Eduardo Mahon. Tardelli
afirmou que até quinta conclui 54
inquéritos abertos para investigar
a quadrilha. Amanhã o delegado
vai falar à comissão da Câmara
que investiga 16 deputados supostamente integrantes do esquema.
Segundo Tardelli, o objetivo é
dar informações sobre a apuração. Na semana passada, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo
(PC do B-SP), afirmou que a PF
"não sabe separar o joio do trigo".
O procurador Mário Lúcio Avelar pediu a prisão preventiva de 48
pessoas presas na Operação Sanguessuga. O juiz, conforme Tardelli, não decretou a preventiva de
Rodrigo Mendes de Oliveira, 24,
Marco Túlio Xavier Coelho, 42, e
Michel Amandio Joca Braga, 24,
acusados de administrar empresas laranjas ou integrantes do esquema. O juiz também não decretou a prisão preventiva de Marco
Antônio Lopes, 35. Ele é assessor
da deputada Elaine Costa (PTB-RJ) e está foragido, portanto, vale
a prisão temporária de cinco dias
prorrogados por mais cinco.
A peça acusatória do Ministério
Público Federal aponta que o esquema fraudulento funcionava
em três vertentes, com Maria da
Penha Lino como assessora especial do Ministério da Saúde, o empresário Darci José Vedoin, na
Planam, e Ronildo Medeiros, com
a empresa Frontal, que vendia
equipamentos. O inquérito mostra que havia superfaturamento
nos preços de ambulâncias e equipamentos, com o desdobramento
da licitação, nos municípios, para
que os valores não ultrapassassem a R$ 80 mil. Nos municípios,
a Planam, com ambulâncias, e a
Frontal, com equipamentos, disputavam as cartas convites com
empresas fantasmas operadas por
laranjas de Medeiros e Vedoin.
No período entre 2001 e 2005 foram vendidas mais de mil ambulâncias, ao preço médio de R$ 110
mil. No inquérito, o Ministério
Público Federal demonstra que as
investigações da PF conseguiram
identificar casos de superfaturamento de mais de 100%, com ambulâncias compradas por R$ 40
mil e revendidas às prefeituras
por até R$ 82 mil. No inquérito, os
procuradores federais mostram
que 311 ambulâncias sofreram esse tipo de superfaturamento.
Depois de acertado o esquema
nos municípios, o grupo acionava
assessores parlamentares e deputados federais para a liberação de
emendas para liberar recursos do
Fundo Nacional de Saúde.
Maria da Penha, que em depoimento negou superfaturamento
das ambulâncias, era quem trabalhava na liberação de emendas
dos deputados envolvidos. Medeiros, segundo os advogados,
nega e diz que sua empresa é legal.
A defesa de Vedoin informa que
ele também nega as acusações.
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