São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Para alemã ver

A declaração de Lula, diante da chanceler alemã, Angela Merkel, de que a política ambiental não muda com a saída de Marina Silva não deve ser tomada pelo valor de face. A mudança já estava em curso. E, com a demissão da ministra, "a agenda preservacionista vai no mínimo para a defensiva neste governo", afirma sem rodeios um integrante do primeiro escalão.
A entrevista em que Reinhold Stephanes (Agricultura) criticou abertamente a extensão da Amazônia Legal é um sinal da nova era. Também ontem, o governador Blairo Maggi (PR-MT), opositor ferrenho de Marina, disse a aliados ter ficado satisfeito ao saber que o novo ministro, Carlos Minc, acelerou licenciamentos ambientais no Rio de Janeiro.



Pai do PAS. Para governadores da região, estava claro, desde a viagem de Mangabeira Unger à Amazônia, que seria o ministro do Longo Prazo, e não Marina, o gestor do Plano Amazônia Sustentável.

Boicote. Os governadores vinham preparando uma coletânea de números negativos sobre a região amazônica, puxados pelo desemprego e falta de infra-estrutura, para entregar a Lula. "Ninguém mais ia trabalhar com Marina, nem os ministros", disse um deles.

É nosso. O PT tentará emplacar na presidência do Ibama o atual diretor de licenciamento, Roberto Messias. Seria uma sinalização de sobrevivência da política de Marina, pois foi justamente a área mais criticada pelos "desenvolvimentistas" do governo.

Reincidente. Antes de recusar o convite para ocupar o lugar de Marina no Meio Ambiente, o petista Jorge Viana já havia sinalizado desinteresse diante de outra sondagem para voltar ao governo: ele substituiria José Múcio na coordenação política. O ministro petebista iria para o Turismo quando Marta Suplicy deixasse o cargo para disputar a eleição em SP.

Abrigo. A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (PT-SC), pleiteia cargo no governo para Sibá Machado (AC), que deixa a vaga de Marina na Casa. O governador Binho Marques (PT) já avisou que, caso não surja posto federal, o suplente será secretário de Estado.

Banda estreita. Para assistir à entrevista de Ciro Gomes (PSB-CE) no programa "CQC", hit no YouTube, os deputados tiveram que recorrer a laptops de uso pessoal. Na rede da Câmara, o acesso ao site está bloqueado desde agosto do ano passado.

Ninguém sabe... A CPI dos Cartões mandou funcionários à PF e à casa de José Aparecido Nunes Pires na tentativa de oficiá-lo do depoimento inicialmente previsto para hoje. Nada feito. No fim do dia, o advogado do "vazador" surgiu no Congresso.

...ninguém viu. Diante da dificuldade de encontrar Aparecido, um senador da oposição brincou: "Procura na barra da saia da Dilma".

Arquivo. Discurso de Lula em 2005, na festa de 50 anos da Alstom, agora suspeita de pagar propina a autoridades brasileiras: "É uma alegria entrar numa fábrica e ver um torno do tamanho que eu sempre sonhei trabalhar". E termina: "uma empresa que acredita neste país, que fez parcerias e investimentos".

Foco. A bancada do PT na Assembléia Legislativa de São Paulo fará hoje um bombardeio mirando contratos da gestão de Geraldo Alckmin (PSDB) com a Alstom.

Cofrinho. Nas seletas doações que fez a campanhas eleitorais desde 2002, a Alstom preferiu candidatos tucanos e "demos". Em 2002, repassou R$ 1.000 a Alckmin. Em 2004, foi a vez do então vereador José Aníbal (PSDB). Em 2006, ajudou no caixa das campanhas dos deputados Rodrigo Garcia (DEM) e do presidente da Assembléia, Barroz Munhoz (PSDB).

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

Se até Lula reconhece que houve "sacanagem", está provado que os ministros erraram no uso dos cartões corporativos.

Do senador ANTONIO CARLOS MAGALHÃES JÚNIOR (DEM-BA), sobre a afirmação do presidente de que quer instituir diárias para autoridades do governo de modo a "acabar com a sacanagem".

Contraponto

Pára-quedas

Equipes de TV, rádio e jornais faziam plantão terça à noite na portaria do prédio em Brasília onde mora Marina Silva, que horas antes pedira demissão do Ministério do Meio Ambiente. De repente, um carro estaciona no bloco, que serve de residência a vários senadores, e dele salta José Serra, imediatamente cercado pelas câmeras.
-Governador, governador, só uma palavrinha...
Perplexo com o assédio, o tucano indagou:
-Mas... sobre o quê?
Uma assessora o informou da notícia do dia, e ele tratou de sair rapidamente de cena:
-Gente, eu só vim jantar com o Sérgio Guerra...


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