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Justiça liberta líder arrozeiro de Roraima
Acusados de formação de quadrilha, filho de prefeito e seis de seus funcionários se beneficiam de decisão
LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
HUDSON CORRÊA
ENVIADO ESPECIAL A PACARAIMA (RR)
O Tribunal Regional Federal
da 1ª Região, em Brasília, decidiu por unanimidade pela liberdade de Paulo César Quartiero (DEM), prefeito de Pacaraima (RR) e líder arrozeiro, do
filho dele e de seis de seus funcionários, presos no dia 6 acusados de formação de quadrilha
e posse de explosivos. Todos
eles foram soltos ontem à noite.
Quartiero é apontado como o
responsável por organizar na
semana passada o ataque de arrozeiros a índios que defendem
a retirada de agricultores da reserva Raposa/Serra do Sol, homologada em 2005. Na ação,
nove índios ficaram feridos.
Após oito dias preso, Quartiero disse que sua prisão foi
"política" e que ele está sendo
"perseguido". "Se a política do
governo federal continuar como está, o conflito na região vai
se agravar. Vamos reagir."
O prefeito afirmou que vai se
candidatar à reeleição e que receberá muitos votos dos índios.
"Eles são meus eleitores." Negou que tenha guardado armas
e bombas em sua fazenda, que a
PF diz ter encontrado. "A única
bomba que nós temos lá chama-se Funai, Incra e Ibama."
A relatora do caso, desembargadora Assuste Magalhães,
disse que não há "risco à ordem
pública" com a liberdade de
Quartiero, pois todas as armas
já foram recolhidas em sua prisão. O voto dela foi seguido pelos demais desembargadores.
Ela afirmou que a liberdade
não significa "risco de obstrução da instrução criminal ou do
entendimento da lei penal".
Também foi negado o pedido
feito pelo Ministério Público
Federal de converter em preventiva a prisão em flagrante.
Em parecer apresentado na
segunda, Juliano Villa-Verde,
procurador regional da República, argumentou que a liberdade do prefeito era um risco à
"ordem pública". Na fazenda de
Quartiero que fica na reserva, a
PF encontrou 149 tubos contendo substâncias explosivas.
Ontem, Pacaraima foi comandada por um índio da reserva. Anísio Pedrosa Lima
(PP), 47, vice-prefeito, disse
que sofreu discriminação de
servidores por ser índio, apesar
de afirmar que defende os arrozeiros. Anteontem à noite, em
meio a embate com funcionários, ele assumiu o cargo. Moradores soltaram fogos quando
souberam da soltura do prefeito. Funcionários deram à Folha carta em que falam em pedir "asilo político à Venezuela".
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