São Paulo, sábado, 15 de maio de 2010

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Demarcação de terra

Ao fazer vista grossa à legislação eleitoral e aplicar a Dilma Rousseff uma superdosagem de Lula, o programa de televisão do PT tentou cumprir, mais do que qualquer outra tarefa, a de assegurar, às vésperas da realização de uma nova rodada de pesquisas, que a candidata não escorregue do patamar de 30% de intenção de voto construído até aqui.
Uma eventual queda certamente poderia ser revertida no futuro, uma vez instalada a campanha oficial, mas, a esta altura do campeonato, tornaria junho um mês mais difícil para Dilma sob pelo menos três aspectos: a) construção dos palanques estaduais; b) pressão do aliado PMDB; c) fogo amigo petista.




Com pressa 1. De um integrante do comando da campanha de José Serra (PSDB), sobre o programa levado ao ar pelo PT na noite de quinta: "Os caras já puseram todos os jogadores na frente, como se estivessem na prorrogação".

Com pressa 2. Desabafo feito recentemente por um membro da coordenação da campanha de Dilma: "maio está parecendo junho".

Erramos. Do presidente do PTB, Roberto Jefferson, sobre a associação feita no programa petista: "Certamente queriam comparar a Dilma à mãe dela, não ao Mandela. Aí alguém se confundiu na hora de escrever o texto".

Freguês. A ex-ministra não é a primeira pessoa que Lula compara com Mandela. Desde que assumiu a Presidência, ele já relacionou o presidente da Bolívia, Evo Morales, e o norte-americano, Barack Obama, ao líder sul-africano.

Dois mais dois. Um curioso fez a conta e concluiu que a equipe de Dilma tem algum problema com o Google: o programa do partido afirmou que o racionamento de energia do governo Fernando Henrique Cardoso durou oito meses. Na verdade, foram nove meses e dez dias.

Espelho meu. De Serra, no Twitter, fazendo graça com o aliado que lhe dará palanque em Pernambuco: "O Jarbas Vasconcelos tem mais olheiras do que eu".

Na mão. Osmar Dias (PDT-PR) considera "injusto" afirmar que ele está negociando simultaneamente com petistas e tucanos seu destino eleitoral. Segundo o senador, o entendimento com os primeiros fracassou "porque Lula me prometeu palanque único, com PP e PMDB, para sair candidato a governador, e no final só havia o PT". "O PP já está com Beto Richa (PSDB), e o PMDB, com candidato próprio na rua."

Na mesma. Sobre o café da manhã tomado anteontem com o presidente do PT, José Eduardo Dutra, Dias afirma que atendeu "a um pedido dele" e que "não mudou nada".

Na real. Quer dizer então que Dias aceitará a oferta de disputar a reeleição na chapa liderada pelo PSDB? "Ainda não decidi", responde o senador. "Mas o Serra me fez uma proposta concreta." Caso venha a aceitá-la, Dias terá a prerrogativa de indicar seu suplente e o vice de Richa, além de poder de veto sobre o outro nome para o Senado.

Em campo. Senadores pró-ficha limpa vão colher assinaturas a partir de terça-feira para tentar garantir a tramitação do projeto em regime de urgência. Eduardo Suplicy diz que, além do PT, o grupo teria apoiadores em outros seis partidos: PMDB, DEM, PSOL, PDT, PSB e PC do B.

Benefícios. A Assembleia Legislativa deve votar na terça-feira emenda à Constituição estadual garantindo aos 645 prefeitos paulistas e seus vices o direito a férias remuneradas e décimo terceiro salário. O texto, apresentado em 2007, é de autoria de um grupo de deputados liderados por Uebe Rezeck (PMDB).

com LETÍCIA SANDER e GABRIELA GUERREIRO

Tiroteio

Se tivéssemos julgado a tempo, esse programa não teria ido ao ar. Agora vão representar contra ele. E continua o círculo vicioso.

Do ministro MARCO AURÉLIO MELLO, do TSE, sobre o estranhamento causado pela sessão do tribunal que multou o PT e Dilma em razão do programa partidário de dezembro, mas não julgou pedido da oposição para suspender a exibição do programa de anteontem, ainda mais explícito na propaganda eleitoral antecipada.

Contraponto

Dupla jornada

Na segunda-feira passada, a prefeita de Natal, Micarla de Sousa (PV), ciceroneava o ministro do Turismo, Luiz Barretto, na abertura da Nordeste Invest 2010, que atraiu 1.300 investidores de vários países à capital potiguar. De repente, alguém abordou a anfitriã e perguntou:
-E como vai a nossa Marina?
Coordenadora da campanha de Marina Silva na região Nordeste, Micarla respondeu entusiasmada:
-Chega amanhã!
Só que o homem se referia ao projeto, ainda em estudo, de construir uma marina náutica em Natal. Desfeita a confusão, o ministro brincou com a prefeita:
-É nisso que dá ficar acumulando funções...


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