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Luz para Todos não é ideia de Dilma, dizem textos e aliados
Na TV, Lula atribuiu programa à pré-candidata, mas proposta existe desde 89
No governo FHC, programa similar, o Luz no Campo, era parcialmente financiado por fundos abastecidos por contas de energia elétrica
ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Programas de governo do PT
para a área energética e relatos
de especialistas que ajudaram a
coordenar as propostas para o
setor nas campanhas de Luiz
Inácio Lula da Silva à Presidência colocam em xeque a versão
contada pelo presidente na noite de quinta-feira, na propaganda de TV do PT, sobre o surgimento do Luz para Todos.
Lula atribuiu a ideia a Dilma
Rousseff, sua ex-ministra de
Minas e Energia e hoje pré-candidata petista ao Planalto, e
deu a entender que ela ocorreu
depois de ele estar eleito. "Uma
das coisas que me impressionaram foi o dia em que Dilma entrou na minha sala me propondo a ideia do Luz pra Todos",
afirmou Lula na TV.
Luiz Pinguelli Rosa e Ildo
Sauer, coordenadores da área
energética do PT, afirmam que
a ideia já estava nos programas
de Lula desde 1989.
Segundo Pinguelli, que coordenou os programas energéticos de Lula entre 1989 e 2002,
os planos já falavam em universalizar o acesso à energia.
A Folha resgatou os planos
de 1998 e 2002. O primeiro
-antes mesmo de Dilma entrar no PT- propunha a adoção de "medidas visando garantir a universalização do serviço de energia". No de 2002
havia uma rubrica para Universalização do Acesso à Energia.
Já no governo Lula, Pinguelli
lembra de documentos que
usavam o nome Escuridão Zero, para remeter à marca Fome
Zero, lançada na campanha.
"Não dá para reinventar a
história nem mentir", disse
Sauer. Ele deixou o governo
rompido com Dilma, que nomeou para seu lugar na diretoria da Petrobras a ex-assessora
Maria das Graças Foster.
O Luz para Todos não conta
com dinheiro do Orçamento da
União. Entre 2003 e 2009, recebeu investimentos de R$ 15,9
bilhões. Desse montante, R$
11,3 bilhões (71%) saíram de
fundos federais abastecidos
com percentuais descontados
das contas de luz dos consumidores. O restante veio do caixa
das empresas (18%) e dos governos estaduais (11%).
O governo federal é responsável pela formatação do programa. Até o final de 2009, o
Luz para Todos havia beneficiado 2,2 milhões de domicílios
no interior do país, beneficiando 10 milhões de pessoas.
Para 2010 a meta é de
853.294 famílias, e 495 mil ficarão para o próximo governo.
Lançado por FHC e parcialmente financiado por fundos
abastecidos por contas de
energia, o Luz no Campo previa a universalização em 2015.
A situação do programa é a
mesma do Bolsa Família: foram batizados por Lula, mas
baseados em ações anteriores.
O presidente nacional do
PSDB, Sérgio Guerra, divulgou
nota afirmando que a paternidade do programa é do PSDB.
O secretário nacional de Comunicação do PT, deputado
André Vargas (PR), afirma que
o "dado concreto" é que o Luz
para Todos ganhou a atual dimensão sob a "coordenação explícita" de Dilma Rousseff.
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