São Paulo, sábado, 15 de maio de 2010

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Luz para Todos não é ideia de Dilma, dizem textos e aliados

Na TV, Lula atribuiu programa à pré-candidata, mas proposta existe desde 89

No governo FHC, programa similar, o Luz no Campo, era parcialmente financiado por fundos abastecidos por contas de energia elétrica


ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Programas de governo do PT para a área energética e relatos de especialistas que ajudaram a coordenar as propostas para o setor nas campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência colocam em xeque a versão contada pelo presidente na noite de quinta-feira, na propaganda de TV do PT, sobre o surgimento do Luz para Todos.
Lula atribuiu a ideia a Dilma Rousseff, sua ex-ministra de Minas e Energia e hoje pré-candidata petista ao Planalto, e deu a entender que ela ocorreu depois de ele estar eleito. "Uma das coisas que me impressionaram foi o dia em que Dilma entrou na minha sala me propondo a ideia do Luz pra Todos", afirmou Lula na TV.
Luiz Pinguelli Rosa e Ildo Sauer, coordenadores da área energética do PT, afirmam que a ideia já estava nos programas de Lula desde 1989.
Segundo Pinguelli, que coordenou os programas energéticos de Lula entre 1989 e 2002, os planos já falavam em universalizar o acesso à energia.
A Folha resgatou os planos de 1998 e 2002. O primeiro -antes mesmo de Dilma entrar no PT- propunha a adoção de "medidas visando garantir a universalização do serviço de energia". No de 2002 havia uma rubrica para Universalização do Acesso à Energia.
Já no governo Lula, Pinguelli lembra de documentos que usavam o nome Escuridão Zero, para remeter à marca Fome Zero, lançada na campanha.
"Não dá para reinventar a história nem mentir", disse Sauer. Ele deixou o governo rompido com Dilma, que nomeou para seu lugar na diretoria da Petrobras a ex-assessora Maria das Graças Foster.
O Luz para Todos não conta com dinheiro do Orçamento da União. Entre 2003 e 2009, recebeu investimentos de R$ 15,9 bilhões. Desse montante, R$ 11,3 bilhões (71%) saíram de fundos federais abastecidos com percentuais descontados das contas de luz dos consumidores. O restante veio do caixa das empresas (18%) e dos governos estaduais (11%).
O governo federal é responsável pela formatação do programa. Até o final de 2009, o Luz para Todos havia beneficiado 2,2 milhões de domicílios no interior do país, beneficiando 10 milhões de pessoas.
Para 2010 a meta é de 853.294 famílias, e 495 mil ficarão para o próximo governo.
Lançado por FHC e parcialmente financiado por fundos abastecidos por contas de energia, o Luz no Campo previa a universalização em 2015.
A situação do programa é a mesma do Bolsa Família: foram batizados por Lula, mas baseados em ações anteriores.
O presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, divulgou nota afirmando que a paternidade do programa é do PSDB.
O secretário nacional de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR), afirma que o "dado concreto" é que o Luz para Todos ganhou a atual dimensão sob a "coordenação explícita" de Dilma Rousseff.


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