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PRESIDENTE 40/ELEIÇÕES 2010
Crise com Jader abala aliança do PT no Pará
Dossiê contra o governo da petista Ana Júlia Carepa, publicado por jornal da família do peemedebista, agrava cizânia
Afastamento entre os dois
partidos contraria pedido de
Lula por um palanque único para Dilma no Estado mais populoso da região Norte
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
Em mais um sinal de que a
aliança PT e PMDB não prosperará no Pará, o jornal da família do deputado federal Jader Barbalho (PMDB) publicou
ontem o que chamou de "dossiê" de irregularidades da gestão Ana Júlia Carepa (PT).
A reedição da aliança entre os
dois partidos considerada fundamental para que a governadora Ana Júlia, que tem altos
índices de rejeição, consiga se
reeleger em outubro.
Sem a união, o palanque da
pré-candidata a presidente Dilma Rousseff (PT) ficará enfraquecido no Estado mais populoso da região Norte.
Em viagem ao Pará na semana passada, o presidente Lula
voltou a dizer que o "ideal" seria o palanque único.
O "dossiê" -palavra citada
na manchete do "Diário do Pará", que tem um filho de Jader
como diretor presidente- é um
conjunto de relatórios de fiscalizações realizadas pela Auditoria-Geral do Estado.
Jader é conhecido por mandar recados a aliados ou desafetos pelas páginas do jornal.
Guardados em caixas, eles foram requisitados pela deputada estadual peemedebista Simone Morgado há um ano, mas
só chegaram à Assembleia Legislativa nesta semana.
Segundo o resumo feito pela
deputada, em 2008 cerca de
82% (R$ 907 milhões) das despesas da Secretaria da Educação não passaram por nenhum
tipo de concorrência pública.
A secretaria é a mesma que,
no ano passado, protagonizou
uma das mais graves crises do
governo de Ana Júlia, ao comprar R$ 47,8 milhões em kits de
material escolar supostamente
superfaturado por meio de uma
das agências de publicidade
que haviam feito a campanha
da petista em 2006.
Na Secretaria dos Transportes, dizem os relatórios da auditoria, uma empreiteira que fechou um contrato de R$ 48 milhões para restaurar a rodovia
PA-150 foi remunerada duas
vezes, pois um dos trechos da
obra teve de ser refeito.
Além disso, a auditoria aponta que o contrato era baseado
em concorrência que havia sido
revogada no governo passado,
de Simão Jatene (PSDB).
Outros relatórios do órgão
indicam, entre outras supostas
irregularidades, indícios de superfaturamento e direcionamento de licitação.
Outro lado
O governo, que tentou impedir Morgado de apresentar seu
resumo sob o argumento de
que os relatórios são sigilosos,
disse que a divulgação é "precipitada e leviana" e que qualquer conclusão baseia-se em
informações "precárias".
O "dossiê" contém "levantamentos iniciais de cada caso,
sem contemplar em nenhum
momento a resposta dos gestores", diz a nota do governo.
Morgado deve encaminhar
os documentos para o Ministério Público. Antes, teve de tirá-los ontem da Assembleia Legislativa, pois, segundo disse, estava recebendo ameaças de que
eles seriam roubados durante o
fim de semana. Por isso, levou-os para um "uma casa, um local
incerto", afirmou.
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