São Paulo, sábado, 15 de maio de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PRESIDENTE 40/ELEIÇÕES 2010

Crise com Jader abala aliança do PT no Pará

Dossiê contra o governo da petista Ana Júlia Carepa, publicado por jornal da família do peemedebista, agrava cizânia

Afastamento entre os dois partidos contraria pedido de Lula por um palanque único para Dilma no Estado mais populoso da região Norte


JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

Em mais um sinal de que a aliança PT e PMDB não prosperará no Pará, o jornal da família do deputado federal Jader Barbalho (PMDB) publicou ontem o que chamou de "dossiê" de irregularidades da gestão Ana Júlia Carepa (PT).
A reedição da aliança entre os dois partidos considerada fundamental para que a governadora Ana Júlia, que tem altos índices de rejeição, consiga se reeleger em outubro.
Sem a união, o palanque da pré-candidata a presidente Dilma Rousseff (PT) ficará enfraquecido no Estado mais populoso da região Norte.
Em viagem ao Pará na semana passada, o presidente Lula voltou a dizer que o "ideal" seria o palanque único.
O "dossiê" -palavra citada na manchete do "Diário do Pará", que tem um filho de Jader como diretor presidente- é um conjunto de relatórios de fiscalizações realizadas pela Auditoria-Geral do Estado.
Jader é conhecido por mandar recados a aliados ou desafetos pelas páginas do jornal.
Guardados em caixas, eles foram requisitados pela deputada estadual peemedebista Simone Morgado há um ano, mas só chegaram à Assembleia Legislativa nesta semana.
Segundo o resumo feito pela deputada, em 2008 cerca de 82% (R$ 907 milhões) das despesas da Secretaria da Educação não passaram por nenhum tipo de concorrência pública.
A secretaria é a mesma que, no ano passado, protagonizou uma das mais graves crises do governo de Ana Júlia, ao comprar R$ 47,8 milhões em kits de material escolar supostamente superfaturado por meio de uma das agências de publicidade que haviam feito a campanha da petista em 2006.
Na Secretaria dos Transportes, dizem os relatórios da auditoria, uma empreiteira que fechou um contrato de R$ 48 milhões para restaurar a rodovia PA-150 foi remunerada duas vezes, pois um dos trechos da obra teve de ser refeito.
Além disso, a auditoria aponta que o contrato era baseado em concorrência que havia sido revogada no governo passado, de Simão Jatene (PSDB).
Outros relatórios do órgão indicam, entre outras supostas irregularidades, indícios de superfaturamento e direcionamento de licitação.

Outro lado
O governo, que tentou impedir Morgado de apresentar seu resumo sob o argumento de que os relatórios são sigilosos, disse que a divulgação é "precipitada e leviana" e que qualquer conclusão baseia-se em informações "precárias".
O "dossiê" contém "levantamentos iniciais de cada caso, sem contemplar em nenhum momento a resposta dos gestores", diz a nota do governo.
Morgado deve encaminhar os documentos para o Ministério Público. Antes, teve de tirá-los ontem da Assembleia Legislativa, pois, segundo disse, estava recebendo ameaças de que eles seriam roubados durante o fim de semana. Por isso, levou-os para um "uma casa, um local incerto", afirmou.


Texto Anterior: Depois de elogiar Lula, tucano confronta Mantega e Dilma
Próximo Texto: PTB vai apoiar chapa de Serra, diz Jefferson
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.