São Paulo, terça-feira, 15 de junho de 2004

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CRISE NA BASE

Mínimo esquenta disputa

PPS racha e discute fidelidade ao governo

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governista PPS está em crise. Com atitudes cada vez mais de oposição, a direção da legenda prepara para os próximos dias uma vasta artilharia contra a política econômica do governo Lula, mas enfrenta rebelião em sua bancada parlamentar, cuja atuação majoritária tem sido a de seguir as orientações do Planalto.
O presidente do partido, deputado Roberto Freire (PE), convocou uma reunião extraordinária da Comissão Executiva para hoje, quando pedirá satisfações à bancada. "Não tenho nenhuma simpatia pelo governo, mas já votei com ele por decisão do partido. É inadmissível não respeitar os órgãos de decisão", afirmou.
O deputado articula o grupo oposicionista, que prepara um documento contra a política econômica e um programa nacional de rádio e TV em que explorará o alto desemprego e o aumento real (descontada a inflação) de só 1,2% do salário mínimo.
A ala governista do PPS, composta pelo ministro Ciro Gomes (Integração Nacional) e pela maioria dos congressistas -são 22 deputados e dois senadores-, também partiu para o ataque. O líder na Câmara, Júlio Delgado (MG), questionou Freire: "Quer dizer que era oposicionista complacente [no governo FHC] e agora é governista crítico?".
A divergência esquentou com a votação do salário mínimo de R$ 260. A direção do PPS divulgou nota criticando duramente o aumento. Freire anunciou que o partido votaria contra, mas houve 11 votos a favor do governo e só quatro a favor dos R$ 275.
Freire acusa Delgado de ignorar a decisão partidária. "[A liderança] não tem autonomia para contrariar ou reorientar decisão do partido", afirma o presidente do PPS em texto para convocar a reunião extraordinária.
Delgado nega ter desrespeitado a direção. "O sentimento básico da bancada é de responsabilidade com o governo. Como líder, devo expressar o desejo da maioria."


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