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INTELIGÊNCIA
Funcionários da Abin acusados de passar informações do governo para adversários dizem que colega inventou história
Agentes negam espionagem no Planalto
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os agentes da Abin (Agência
Brasileira de Inteligência) Ceílson
Ludolf Ribeiro e João Carlos Sanches negaram ontem ao ministro-chefe do Gabinete de Segurança
Institucional, general Jorge Félix,
que tenham repassado informações de caráter sigiloso do Palácio
do Planalto a adversários políticos
do governo, conforme suspeitas
publicadas no final de semana.
Segundo a Folha apurou, os
dois "arapongas" apontaram o
nome de um terceiro agente da
Abin que seria desafeto de ambos
e que teria dado início à história.
Segundo reportagem publicada
pela revista "Veja", um agente da
Abin descobriu que os dois colegas, em viagens para São Paulo
pagas com a verba secreta da
Abin, estariam se encontrando
com adversários políticos do ministro José Dirceu (Casa Civil) e
da prefeita Marta Suplicy. Os dois
agentes estariam seguindo orientação de um jornalista que trabalha no quarto andar do Palácio do
Planalto e que receberia remuneração para passar informações
contra Dirceu e Marta.
Segundo a versão dos dois agentes, a origem da investigação seria
uma desavença com esse terceiro
agente, que chegou a vasculhar a
vida financeira de "suspeitos", encontrando dívidas recentemente
quitadas de um jornalista do
quarto andar -um cheque sem
fundos e débitos com a Credicard
e uma empresa telefônica.
Oficialmente, o Gabinete de Segurança Institucional diz apenas
que está apurando o caso para tomar as providências cabíveis.
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva retorna de São Paulo para
Brasília hoje às 15h40 e deverá ser
inteirado das últimas informações obtidas pelo GSI.
Os jornalistas do quarto andar
trabalharam normalmente ontem. Como nenhum nome foi citado -apenas as idades, 46 e 48
anos-, não quiseram comentar
o caso oficialmente. O ministro
José Dirceu, que, segundo a revista, foi informado da espionagem
em abril, não quis falar sobre o caso ontem. Segundo sua assessoria,
ele não pode se pronunciar porque o caso está na alçada do GSI.
A assessoria do ministro Aldo
Rebelo (Coordenação Política),
que divide o quarto andar com a
Casa Civil e a Secretaria Geral da
Presidência, também optou pelo
silêncio. Indiretamente, Aldo é
atingido pela denúncia, por ter levado para o Planalto alguns dos
seis jornalistas do quarto andar.
Em conversas reservadas, Aldo
atribui a origem da reportagem a
auxiliares de Dirceu, que agiriam
na tentativa de desestabilizá-lo na
semana em que ele precisa aprovar o salário mínimo no Senado.
A assessoria de Aldo não quis comentar o caso.
(FERNANDO RODRIGUES E WILSON SILVEIRA)
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