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TEATRO DE OPERAÇÕES
Petebista faz ironias e exibe "talento teatral"
CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Vestindo camisa e gravata lilás e
terno preto, Roberto Jefferson
sentou na cadeira do Conselho de
Ética da Câmara na condição de
acusado, mas desempenhou o
tempo todo o papel de acusador,
com farto uso da ironia e tentativas de intimidação de integrantes
da cúpula do governo e do PT.
Com talento teatral lapidado em
seis mandatos parlamentares e na
atuação como advogado criminalista, o deputado abusou das entonações de voz, dos gestos, das expressões faciais e não dispensou
momentos de humor.
"Peraí! O Expedito [Filho, repórter do "Estado de S.Paulo"]
me chama de metrossexual e agora você me compara ao Michael
Jackson", respondeu ao deputado
José Carlos Aleluia (PFL-BA),
provocando risos na platéia.
Ao falar da importância da opinião pública, Aleluia havia dito
que apesar da absolvição do cantor, nenhum pai deixaria o filho
menor em sua companhia.
No início de seu depoimento, o
petebista já havia mencionado
seu "metrossexualismo", definição que se aplica a homens heterossexuais vaidosos e preocupados com a aparência. "Já fui chamado de troglodita e de integrante da tropa de choque do Collor,
mas metrossexual!"
O Congresso ficou em suspenso
na manhã de ontem, à espera do
que Jefferson diria à tarde. Meia
hora antes do início do depoimento, marcado para as 14h30, o
Plenário 2 da Câmara já era ocupado por jornalistas, fotógrafos e
cinegrafistas, que buscavam o
melhor ângulo para registrar as
declarações. Deputados e senadores também começavam a chegar
e ocupar os cerca de 70 lugares
disponíveis. Quase 20 parlamentares ficaram em pé.
O depoimento antecipou o embate entre oposição e governo que
será vivido na CPI dos Correios.
Os petistas tentavam desqualificar Jefferson, enquanto representantes do PFL e do PSDB davam
ênfase às acusações do petebista.
A sessão foi aberta às 14h41 e encerrada quase sete horas depois,
às 21h18. Jefferson repetiu a estratégia de "falar" com as pessoas
que o assistiam pela televisão. Assumiu o papel de justiceiro e deu
o endereço de seu gabinete para o
envio de denúncias de corrupção.
À noite, o vice-líder do governo,
Beto Albuquerque (PSB-RS), reconheceu que Jefferson não se
acomodou na condição de réu. "É
óbvio que para quem estava nas
cordas em uma luta de boxe, ele
passou para a ofensiva."
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