São Paulo, quarta-feira, 15 de junho de 2005

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"Menti para proteger Marta Suplicy"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do PTB, deputado federal Roberto Jefferson (RJ), admitiu ontem que faltou com a verdade no ano passado, quando negou um acordo financeiro envolvendo seu o partido e o PT. Afirmou que fez isso para não prejudicar "violentamente" a campanha à reeleição da então prefeita petista, Marta Suplicy.
Em junho do ano passado, a revista "Veja" publicou uma reportagem relatando o acerto entre os partidos. O PT, com o aval dos petistas José Genoino (presidente do partido), Delúbio Soares (tesoureiro) e Marcelo Sereno (secretário de comunicação), pagaria parte das campanhas de candidatos do PTB. Em 24 de setembro, em artigo na Folha, Jefferson repudiou "veementemente" a existência desse acordo.
À Folha, ele disse ter recebido do PT a soma de R$ 4 milhões, em duas parcelas -uma de R$ 2,2 milhões e outra de R$ 1,8 milhão. Ele teria distribuído o dinheiro a candidatos petebistas.
Seria parte de um pacote financeiro de R$ 20 milhões, que acabou não se materializando.
Ontem, ao ser pressionado por deputados a se explicar, durante o seu depoimento ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, o presidente do PTB admitiu que mentiu da primeira vez.
O PTB apoiava a campanha de Marta, que acabou perdendo a disputa para o candidato do PSDB, José Serra.
"Matei no peito", afirmou o deputado, utilizando uma metáfora futebolística que significa absorver um impacto. Isso teria sido feito a pedido do próprio PT.
O deputado declarou que sua intenção era "proteger a Marta". "Naquele momento, eu não podia falar. Isso certamente prejudicaria violentamente a campanha dela", disse Jefferson.
A contradição entre a negativa do ano passado e a confissão dos últimos dias foi bastante explorada no depoimento.
Primeiro pelo deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), que, durante a sessão, mencionou a existência de um suposto acordo entre os dois partidos na Bahia.
Já Ângela Guadagnin (PT-SP), quis saber "quando Jefferson está dizendo a verdade".
Ao final, o assunto veio à tona por obra do deputado Chico Alencar (PT-RJ), que questionou Jefferson em tom crítico.
Ao que o petebista respondeu, acidamente: "Fiz isso para proteger o seu partido", declarou o presidente do PTB.
Em bate-boca com Alencar, que também o acusou de só fazer denúncias quando é contrariado, Jefferson se indignou: "Será que eu estou falando em um convento de virgens? Será que só eu ouvi falar em mensalão? Eu apenas destampei a panela, deputado", afirmou em voz alta.


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