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Depoimento traça roteiro para CPI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Embora tenha repetido que não
dispõe de "provas", o deputado
Roberto Jefferson mencionou em
seu depoimento à Comissão de
Ética da Câmara um rol de pistas
que, se investigadas, podem levar
à comprovação das acusações que
faz. "Sou uma testemunha", disse
o deputado. Ele foi minucioso.
Chegou mesmo a confessar um
crime. Reconheceu ter recebido
dinheiro do caixa dois do PT para
campanhas eleitorais do PTB. Repetiu uma cifra que já revelara em
entrevista à Folha: R$ 4 milhões. E
contou como lhe chegaram os recursos. "Em notas de R$ 50 e de
R$ 100, com etiquetas do Banco
Rural e do Banco do Brasil".
Juntando-se o nome dos dois
bancos ao do portador do dinheiro -o publicitário mineiro Marcos Valério de Souza, segundo Jefferson-, tem-se um primeiro e
decisivo caminho para iniciar as
apurações de uma CPI.
Ao "destampar o caldeirão",
Jefferson parecia decidido a arrastar para a mistura de suspeitas a
cúpula do PT. Disse que negociara com José Genoino e Delúbio
Soares, respectivamente presidente e tesoureiro do PT, um repasse bem maior: R$ 20 milhões.
A frustração do acordo levou-o
ao gabinete do ministro José Dirceu (Casa Civil). De novo, Jefferson não economizou detalhes.
Disse ter ouvido de Dirceu que o
PT estava enfrentando dificuldades para amealhar recursos. A Polícia Federal, que o ministro teria
definido como "meio tucana",
prendera "62 doleiros". E a "turma que ajuda" financeiramente o
partido "não estava conseguindo
internar dinheiro no Brasil".
Também ao relatar o encontro
em que Delúbio Soares foi à sua
casa supostamente para convencê-lo a aceitar o "mensalão", Jefferson acomodou na boca do tesoureiro do PT expressões constrangedoras. Segundo disse, Delúbio dizia-se disposto a ajudar os
parlamentares do PTB, assim como já vinha fazendo com os do PP
e do PL, a "desencravar uma ou
outra unha encravada".
Numa tentativa de desviar as
acusações de que vinha apadrinhando funcionários que desviavam recursos públicos dos Correios, o deputado lançou suspeições em direção a Sílvio Pereira,
secretário-geral do PT. Disse que
é ele quem controla a diretoria de
Informática dos Correios, onde
estaria concentrada "60%" da
corrupção da empresa.
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