São Paulo, quarta-feira, 15 de junho de 2005

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Depoimento traça roteiro para CPI

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Embora tenha repetido que não dispõe de "provas", o deputado Roberto Jefferson mencionou em seu depoimento à Comissão de Ética da Câmara um rol de pistas que, se investigadas, podem levar à comprovação das acusações que faz. "Sou uma testemunha", disse o deputado. Ele foi minucioso.
Chegou mesmo a confessar um crime. Reconheceu ter recebido dinheiro do caixa dois do PT para campanhas eleitorais do PTB. Repetiu uma cifra que já revelara em entrevista à Folha: R$ 4 milhões. E contou como lhe chegaram os recursos. "Em notas de R$ 50 e de R$ 100, com etiquetas do Banco Rural e do Banco do Brasil".
Juntando-se o nome dos dois bancos ao do portador do dinheiro -o publicitário mineiro Marcos Valério de Souza, segundo Jefferson-, tem-se um primeiro e decisivo caminho para iniciar as apurações de uma CPI.
Ao "destampar o caldeirão", Jefferson parecia decidido a arrastar para a mistura de suspeitas a cúpula do PT. Disse que negociara com José Genoino e Delúbio Soares, respectivamente presidente e tesoureiro do PT, um repasse bem maior: R$ 20 milhões.
A frustração do acordo levou-o ao gabinete do ministro José Dirceu (Casa Civil). De novo, Jefferson não economizou detalhes. Disse ter ouvido de Dirceu que o PT estava enfrentando dificuldades para amealhar recursos. A Polícia Federal, que o ministro teria definido como "meio tucana", prendera "62 doleiros". E a "turma que ajuda" financeiramente o partido "não estava conseguindo internar dinheiro no Brasil".
Também ao relatar o encontro em que Delúbio Soares foi à sua casa supostamente para convencê-lo a aceitar o "mensalão", Jefferson acomodou na boca do tesoureiro do PT expressões constrangedoras. Segundo disse, Delúbio dizia-se disposto a ajudar os parlamentares do PTB, assim como já vinha fazendo com os do PP e do PL, a "desencravar uma ou outra unha encravada".
Numa tentativa de desviar as acusações de que vinha apadrinhando funcionários que desviavam recursos públicos dos Correios, o deputado lançou suspeições em direção a Sílvio Pereira, secretário-geral do PT. Disse que é ele quem controla a diretoria de Informática dos Correios, onde estaria concentrada "60%" da corrupção da empresa.


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