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Jobim critica quem produz crise política
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), ministro Nelson Jobim, criticou ontem "os terroristas das circunstâncias", que
produziriam crise política para
serem ouvidos. Ao fazer o comentário, negou que estivesse se referindo ao presidente nacional do
PTB, deputado Roberto Jefferson.
"Não me refiro especificamente
a ninguém, mas tem aqueles terroristas das circunstâncias, que,
para que sejam ouvidos e mencionados com visibilidade pela imprensa, acabam dimensionando
uma crise de forma que pudesse
levar para um soçobramento das
instituições, o que absolutamente
não é o caso."
Nelson Jobim fez essa afirmação
em entrevista após a instalação do
CNJ (Conselho Nacional de Justiça), o órgão de controle externo
do Judiciário. Minutos antes, em
discurso, disse confiar na capacidade do governo e do Congresso
de superarem a crise política.
"Vivemos uma crise política absolutamente normal em um processo democrático. Democracia
de consenso é uma democracia de
autoritarismos. A democracia é
exatamente a administração do
dissenso. Não há, portanto, de temer ações do Parlamento, porque
elas se constroem exatamente para compor."
O ministro defendeu a apuração
dos fatos, sem citar diretamente a
acusação feita por Jefferson de
"mensalão" -o qual o PT pagava
a deputados em troca de apoio ao
governo- ou as suspeitas de corrupção nos Correios.
"Manifesto a expectativa pessoal, inclusive de um setor da nação brasileira, de que tudo se
componha, com a descoberta de
tudo, com a verificação de tudo,
mas tudo dentro do processo democrático de superação das divergências." Na entrevista, ele criticou a imprensa, ao explicar por
que havia atacado minutos antes
a falta de confiança no Congresso.
"Tem alguns jornais que começam a criar mecanismos ou discursos em relação à desconfiança
sobre o Parlamento. Alguns dizem: "Se o Parlamento está envolvido, quem vai querer julgar?'"
Jobim disse que esse ataque era
freqüente antes do golpe militar
de 1964. Disse também ter "confiança absoluta nas instituições".
Para ele, entretanto, "a história
mostra um processo de superação
de problemas e nunca de rupturas
em cima de problemas".
Conselho
Temido pelos juízes e desejado
por advogados e cidadãos, o CNJ,
o órgão de controle do Judiciário,
foi instalado com evidências de
que, pelo menos no primeiro momento, não romperá com o corporativismo da magistratura.
Jobim, que presidirá o conselho,
disse que o órgão terá "uma função acessória e secundária" em
relação às corregedorias dos tribunais, até hoje únicas responsáveis pela fiscalização de atos administrativos de juízes corruptos.
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