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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ESTATAIS
Firma de representação comercial em Petrópolis (RJ) está registrada em nome de laranjas e usa endereço e assinaturas falsos
Genro de Jefferson tem empresa fantasma
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O genro do deputado federal
Roberto Jefferson (PTB-RJ), Marcus Vinicius Vasconcelos Ferreira, tem uma empresa fantasma
registrada em seu nome, no município de Petrópolis (região serrana, a 65 km do Rio): a Acqua Viti Comércio e Indústria Ltda.
Em janeiro de 2001, o mesmo
Marcus Vinicius, em sociedade
com o filho de Roberto Jefferson,
Roberto Francisco Neto, registrou uma outra empresa, Acqua
Safe Representações.
Um ano depois, ela passou para
os nomes de dois ""laranjas" (pessoas usadas para acobertar identidades de terceiros). Tanto a Acqua Safe quanto a Acqua Viti têm
endereços falsos.
A Acqua Viti foi registrada em
dezembro de 2001 e figura no cadastro da Receita Federal como
fabricante de aparelhos elétricos,
e em situação ""ativa".
Mas, em seu endereço, mora
um aposentado que declarou desconhecer a empresa. Também
não há registros de negócios da
Acqua Viti.
O endereço que aparece nos cadastros da Receita e da Junta Comercial como sede da Acqua Viti
é um conjunto de salas transformado em residência há três anos.
O proprietário do imóvel se
identificou apenas como Antonio, e afirmou, pelo interfone, que
o proprietário que o antecedeu
utilizava o imóvel para atividades
de costura.
Segundo a Junta Comercial, são
sócios da Acqua Viti Marcus Vinicius Vasconcelos Ferreira e
Adriano da Paixão. Este último é
proprietário de uma drogaria e de
uma loja de produtos de limpeza
em Petrópolis.
Ferreira é casado com Fabiana
Brasil Francisco, uma das duas filhas do deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB.
Ex-assessor da diretoria da Eletronuclear (de onde se demitiu há
uma semana), ele foi apontado
como um dos contatos do PTB
com o funcionário dos Correios
Maurício Marinho, flagrado recebendo R$ 3.000 de supostos empresários.
Desde janeiro de 2002, a Acqua
Safe está em nome de ""laranjas" e
usa endereços falsos. Ela foi registrada originalmente em nome de
três sócios: Marcus Vinicius Ferreira, Roberto Francisco Neto e
Adriano José da Paixão, com capital de R$ 5.000. O objeto da empresa era representação comercial de aparelhos de desinfecção
de água, ar e afluentes ""por conta
de terceiros sob comissão".
Assinatura falsa
Os três transferiram suas cotas
para Lúcia Helena da Silva Cardoso e Luzia Pereira de Souza, em janeiro de 2002. A primeira é empregada doméstica e a segunda,
que morreu de câncer em novembro do mesmo ano, era faxineira.
A empresa passou, a partir de
janeiro de 2002, a usar indevidamente, como sede, o endereço do
também faxineiro Francisco de
Paula Lima, 59. O faxineiro disse
que a casa pertence a seu sogro há
20 anos.
Em setembro de 2002, a secretária Renata Pereira de Medeiros, filha de Luzia Pereira de Souza, foi
incluída, sem seu conhecimento,
como acionista da Acqua Safe.
Localizada pela reportagem, ela
disse que soube que havia sido
usada como sócia há um ano,
quando teve cheques recusados
por conta de uma dívida da Acqua Safe no Banco do Brasil.
A secretária disse que a gerência
do Banco do Brasil lhe mostrou
contratos da Acqua Safe nos quais
constavam assinaturas falsas dela
e de sua mãe.
A doméstica Lúcia Helena da
Silva Cardoso disse à Folha que
havia emprestado seus documentos a um conhecido da família,
tempos atrás, mas que desconhecia a existência da empresa, até
ser chamada pela gerência do
Banco do Brasil. Segundo ela,
suas assinaturas nos contratos da
empresa também são falsas.
Atualmente, a Acqua Safe usa
indevidamente o endereço de
uma clínica veterinária.
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