São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 2006

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FISIOLOGISMO

PMDB exige mais cargos, mas Lula quer esperar até a eleição

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de enterrar a candidatura própria do partido e de decidir não fazer aliança com nenhum candidato a presidente, a ala governista do PMDB agora negocia com o Palácio do Planalto a indicação do atual presidente da Funasa (Fundação Nacional da Saúde), Paulo Lustosa, para substituir Agenor Álvares no Ministério da Saúde.
Lula já deixou de indicar Lustosa para três cargos que ele cobiçava: Ministério das Comunicações, diretoria-geral da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e a própria pasta da Saúde. Ontem, surgiu o nome de Sérgio Machado, presidente da Transpetro, subsidiária da Petrobras, para o posto. Machado também é da ala governista do PMDB.
Lula resiste à pressão dos governistas do PMDB pela obtenção imediata de mais cargos no governo. O presidente deseja fazer nomeações somente após as eleições. A ala governista, porém, pressiona fortemente, sob o argumento de que matou a candidatura própria, o que facilitaria a definição da eleição presidencial no primeiro turno. Lula é hoje favorito nas pesquisas.
O argumento do Palácio do Planalto para resistir a Lustosa são supostas ligações dele com lobistas dos setores de saúde e comunicações.
No entanto, os defensores de seu nome dizem que, se tais conexões são verdadeiras, ele não deveria ter ocupado a secretaria-executiva da pasta das Comunicações nem a Funasa.
Há divergências sobre quem apadrinha Lustosa. Uma ala da bancada da Câmara afirma que ele é ligado ao presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e ao senador José Sarney (AP). Amigos de Sarney e Renan dizem que Lustosa é aliado do ex-ministro das Comunicações Eunício Oliveira, deputado federal que desejaria retomar o controle da bancada peemedebista na Câmara e vitaminar eventual candidatura ao Senado no Ceará.
Quando o deputado federal Saraiva Felipe (PMDB-MG) deixou a Saúde no final de março para disputar as eleições, Lustosa foi indicado para substituí-lo. Lula resistiu. Preferiu o então secretário-executivo, Agenor Álvares. Deputados peemedebistas se queixam de que Álvares seria ligado a Saraiva e a petistas. Ou seja, atenderia interesses de um só deputado peemedebista e de membros de outro partido. Dizem ainda que a pasta da Saúde seria, de direito, do PMDB.
Os peemedebistas também querem mais cargos em estatais. Lula se queixou do "apetite" dos aliados. Diz que precisa do PMDB, mas que não aceitaria ultimato.


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