São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 2006

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Congresso cria CPI dos Sanguessugas, mas com prazo curto

Com eleições à vista, parlamentares reduzem de 180 para 30 dias o período de investigações sobre fraudes no Orçamento

Fernando Gabeira (PV-RJ) deve ser o relator da CPI; Antonio Biscaia (PT-RJ) é o mais cotado para assumir a presidência da comissão


FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de ficar 15 dias na gaveta, o requerimento de criação da CPI dos Sanguessugas foi lido ontem em plenário. Os partidos têm até a próxima terça-feira para indicar os membros da comissão. O objetivo é investigar a participação de parlamentares no desvio de dinheiro do Orçamento para a compra de ambulâncias superfaturada por prefeituras. Estima-se que, desde 2001, R$ 110 milhões tenham sido desviados.
Há um acordo para que a CPI trabalhe por 30 dias, prorrogáveis por mais 30. O regimento prevê que as CPIs funcionem por um período de 180 dias, ou, no máximo, por 360 dias, caso prorrogadas. "A oposição percebe a dificuldade de funcionamento da CPI por causa das eleições. Mas, se não houver obstáculo, 30 dias são suficientes", disse o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM).
A leitura do requerimento foi feita pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O documento lido ontem possui a assinatura de 175 deputados (quatro a mais do que o necessário) e 32 senadores (era preciso 27). "Ninguém melhor do que nós conhece como o Orçamento é feito. E também não há ninguém melhor do que nós para fazer nexos políticos", disse o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), um dos autores do requerimento.
A CPI dos Sanguessugas será mista e, pelo rodízio existente, a presidência caberia a um deputado e a relatoria a um senador. A praxe é que a maior bancada de cada Casa ocupe esses cargos. No caso do Senado é o bloco formado pelo PSDB e pelo PFL, mas eles estão dispostos a ceder a vaga a Gabeira. No caso da Câmara é o PMDB, mas o deputado Raul Jungmann (PPS-PE) propôs que a função seja exercida pelo deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), procurador de Justiça.

Justiça
A Justiça Federal em Cuiabá (MT) já aceitou 36 das 81 denúncias contra acusados de envolvimento no esquema dos sanguessugas. A denúncia do Ministério Público Federal incluiu, entre outros, nove ex-deputados e um ex-senador.
Ontem, o ex-deputado Ronivon Santiago (PP-AC), liberado da prisão nesta semana por um habeas corpus, foi interrogado na Justiça Federal.


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