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Polícia suspeita que deputados receberam dinheiro da Gautama
Procuradoria-geral da República vai receber hoje relatório sobre Paulo Magalhães (DEM) e Maurício Quintella (PR)
PF relata que telefonemas registram que os deputados mantiveram contatos com
o empreiteiro em diálogos que sugerem pagamentos
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de derrubar um ministro e envolver governadores,
a Operação Navalha chegou ao
Congresso: a Polícia Federal
encaminha hoje ao procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, relatório
no qual aponta indícios de que
os deputados federais Paulo
Magalhães (DEM-BA) e Maurício Quintella (PR-AL) receberam dinheiro de Zuleido Veras.
Dono da Gautama, Zuleido é
acusado de comandar um esquema nacional de fraude a licitações, que se tornou público
no dia 17 de maio. É a primeira
vez que a PF leva adiante suspeitas contra congressistas.
Na documentação encaminhada ao procurador-geral, a
PF relata que as interceptações
telefônicas registram que ambos os deputados mantêm contatos com o empreiteiro em
diálogos que sugerem supostos
pedidos de pagamento.
No inquérito presidido pelo
STJ (Superior Tribunal de Justiça) já havia menção a suposto
envolvimento de Paulo Magalhães. Reportagem da Folha de
21 de maio revelou que a PF já
afirmava ter havido pagamento
da Gautama, no valor de R$ 20
mil, ao deputado, que é sobrinho do senador Antonio Carlos
Magalhães (DEM-BA).
O relatório das escutas dizia
que "Zuleido fala sobre pagamento de R$ 20 mil ao deputado [Magalhães]", que teria recebido o dinheiro em seu gabinete. Em um dos diálogos entre
o empreiteiro e o deputado,
Zuleido autoriza Magalhães a
falar em nome da empresa em
conversa que teria no Tribunal
de Contas da União (TCU).
As suspeitas ganharam mais
corpo com a análise do material apreendido em maio pela
PF, principalmente a agenda
do diretor financeiro da Gautama, Gil Jacó Carvalho Santos,
que foi preso durante a operação policial.
Em anotações de próprio punho, Santos registra em diferentes dias os nomes de Magalhães e de Quintella (sobrinho
do ex-governador de Alagoas
Ronaldo Lessa) associados a
valores. Em sua agenda, ele escreve à caneta os nomes dos
deputados de maneiras diferentes. Usa, por exemplo, "P.
Mag.", "M. Qui" ou "Maurício
Q". No entendimento da PF, os
supostos pagamentos teriam
um caráter regular.
As informações foram encaminhadas ao procurador-geral
porque os parlamentares têm
direito a foro especial e só podem ser investigados por determinação do STF (Supremo
Tribunal Federal)
Outro lado
Maurício Quintella disse, por
meio de sua assessoria, "que
não tem nada a declarar, porque não tem nenhum envolvimento com nenhuma fraude a
licitação". O deputado Paulo
Magalhães não foi localizado
em seu gabinete em Brasília na
tarde de ontem. A Folha informou um assessor, que se apresentou como Gêner, sobre o
teor da reportagem. Ele disse
que tentaria localizar o parlamentar, que se encontrava em
viagem. Ele não ligou de volta
até a conclusão desta edição.
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