São Paulo, sexta-feira, 15 de junho de 2007

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Lula manda governo cortar o ponto dos servidores em greve

Presidente afirmou em entrevista que greve sem corte de ponto é férias; cortes já começaram no Incra e no Ibama

Planalto acha que grevistas tentam enfraquecer projeto em estudo no governo para diminuir as paralisações na administração pública

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu endurecer com os servidores de vários setores do governo federal que estão em greve e mandou cortar o ponto dos dias parados.
No Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e no Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) os cortes nos pontos já estão ocorrendo.
A decisão de Lula foi tomada no início do mês e referendada na reunião de coordenação de governo, na segunda-feira, quando o presidente e seus principais ministros discutiram a greve do funcionalismo.
Na avaliação do Planalto, além de reivindicações dos grevistas, há também uma tentativa de enfraquecer o projeto do governo de punir os servidores parados. Pela proposta que está sendo estudada, seriam criadas categorias especiais que jamais poderiam entrar em greve.
O presidente já havia afirmado em entrevista coletiva no mês passado que, greve sem corte de ponto, é férias.
A greve do Ibama começou depois que o governo decidiu dividir o órgão e criar o Instituto Chico Mendes por uma medida provisória editada em 26 de abril. O novo instituto ficará responsável pelas unidades de conservação ambiental e por programas de pesquisa da biodiversidade -atribuição atual de uma diretoria do Ibama.
Servidores do órgão se opuseram à mudança. Alegam que a divisão do instituto deverá tornar mais burocrática a concessão de licenças ambientais.
João Paulo Capobianco, secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, confirmou que os cortes no Ibama já estão ocorrendo. A greve de servidores já dura mais de um mês. Capobianco disse que, apesar do corte no ponto, o governo mantém o canal de negociação aberto. Os servidores dizem que manterão a paralisação pelo menos até a votação do Senado da MP que criou o Instituto Chico Mendes.
No Incra, Lula fez chegar aos servidores do órgão, no início deste mês, que nenhuma mesa de negociação será aberta e que todos eles terão seus dias em greve descontados. O recado aos grevistas foi transmitido pelo presidente do Incra, Rolf Hackbart, após reunião com o ministro Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) e os superintendentes do órgão.
O órgão conta hoje, na ativa, com cerca de 6.200 servidores. Desde 2004, as principais reivindicações dos funcionários se repetem, como a reestruturação da carreira, a recomposição da força de trabalho e o reaparelhamento da autarquia, além da manutenção mínima de gratificações aos servidores inativos -cerca de 4.000 pessoas. Hoje os servidores marcaram um ato público em todo o país.
Outras categorias de servidores federais ou estão em greve ou realizam paralisações.
Os servidores administrativos da Polícia Federal fizeram uma paralisação que terminou ontem, mas prometem parar novamente na próxima semana. O sindicato da categoria se reuniu anteontem com o Ministério de Planejamento para negociar a reestruturação do plano de carreira.


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