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Lula manda governo cortar o ponto dos servidores em greve
Presidente afirmou em entrevista que greve sem corte de ponto é férias; cortes já começaram no Incra e no Ibama
Planalto acha que grevistas tentam enfraquecer projeto em estudo no governo para diminuir as paralisações na administração pública
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu endurecer
com os servidores de vários setores do governo federal que
estão em greve e mandou cortar o ponto dos dias parados.
No Incra (Instituto Nacional
de Colonização e Reforma
Agrária) e no Ibama (Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis) os cortes nos pontos já estão ocorrendo.
A decisão de Lula foi tomada
no início do mês e referendada
na reunião de coordenação de
governo, na segunda-feira,
quando o presidente e seus
principais ministros discutiram a greve do funcionalismo.
Na avaliação do Planalto,
além de reivindicações dos grevistas, há também uma tentativa de enfraquecer o projeto do
governo de punir os servidores
parados. Pela proposta que está
sendo estudada, seriam criadas
categorias especiais que jamais
poderiam entrar em greve.
O presidente já havia afirmado em entrevista coletiva no
mês passado que, greve sem
corte de ponto, é férias.
A greve do Ibama começou
depois que o governo decidiu
dividir o órgão e criar o Instituto Chico Mendes por uma medida provisória editada em 26
de abril. O novo instituto ficará
responsável pelas unidades de
conservação ambiental e por
programas de pesquisa da biodiversidade -atribuição atual
de uma diretoria do Ibama.
Servidores do órgão se opuseram à mudança. Alegam que
a divisão do instituto deverá
tornar mais burocrática a concessão de licenças ambientais.
João Paulo Capobianco, secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, confirmou que os cortes no Ibama já
estão ocorrendo. A greve de
servidores já dura mais de um
mês. Capobianco disse que,
apesar do corte no ponto, o governo mantém o canal de negociação aberto. Os servidores dizem que manterão a paralisação pelo menos até a votação do
Senado da MP que criou o Instituto Chico Mendes.
No Incra, Lula fez chegar aos
servidores do órgão, no início
deste mês, que nenhuma mesa
de negociação será aberta e que
todos eles terão seus dias em
greve descontados. O recado
aos grevistas foi transmitido
pelo presidente do Incra, Rolf
Hackbart, após reunião com o
ministro Guilherme Cassel
(Desenvolvimento Agrário) e
os superintendentes do órgão.
O órgão conta hoje, na ativa,
com cerca de 6.200 servidores.
Desde 2004, as principais reivindicações dos funcionários se
repetem, como a reestruturação da carreira, a recomposição
da força de trabalho e o reaparelhamento da autarquia, além
da manutenção mínima de gratificações aos servidores inativos -cerca de 4.000 pessoas.
Hoje os servidores marcaram
um ato público em todo o país.
Outras categorias de servidores federais ou estão em greve
ou realizam paralisações.
Os servidores administrativos da Polícia Federal fizeram
uma paralisação que terminou
ontem, mas prometem parar
novamente na próxima semana. O sindicato da categoria se
reuniu anteontem com o Ministério de Planejamento para
negociar a reestruturação do
plano de carreira.
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